CERTEIRO
tão certo quanto certeiro
retesado é o arco e seu arqueiro
as flechas movimentam-se ao longo de pedras ruídas de um novo deserto – cores para o palácio divino/dádiva de domésticos gatunos no quase nu perfilado altar ao lado e voam pequenas aves (aqui o ar é mais rarefeito nas rotações articuladas com desdém)
a mesa servida
os cálices úmidos
nas brancas paredes um nicho de ventura e esquecimento anuncia a subida crescente, lume e contrabaixo, em cada dia de batida surda sonora reinventada na clave marítima sem forma nas bordas multifacetadas de ouro e prata
- palavras como botões de uma nova escultura –
enquanto o vento verifica suas iscas....
Jandira Zanchi
CARAVELAS
Movimentos? quase só
os conheço aos poucos,
dos incomensuráveis
me poupo em cada pouso
para amar caravelas
antes de chegar-me
assumo a distancia
o espelho da nave
era sombra e, excluído,
fez-me crer que mais graves
são as manhãs de domingo
quase sempre amigas
dos papéis em branco
das recordações recortadas
dos múltiplos feriados.
Quando se surpreende o móvel,
no movimento ou no esquecimento?
Quando se forma a forma,
na correção ou na divagação?
são infinitas as maledicências
da matéria, as fazem de forma
a estarmos em constante humilhação
da derrubada dia e ponto
noite e selo
nas armações de suas venturas
mudadas de tática e conteúdo
à piragem da Nave.
Jandira Zanchi
O ALFAIATE DA SOMBRA
Colori - de bronze – os melífluos
mestiços da calçada
No Inferno da Grandeza
o Alfaiate da Sombra
sorri a rápida passagem
de cada instante.
Vinte passos separaram cada qual
e transformaram os olhos em mesmice
e sapiência, enfim, já não se sabia,
quanto vazou em amplidão e
afronta as muitas partes do todo
dos cem versos que calei colei
as coladas cores dos artifícios
nas multifaces da serenidade.
Temia temer e sonhar
pois, dos ângulos, me
escapava, que da realidade,
a verdade não se venera.
Formas e almas?
Vazios e Soluções?
Escolhi dos diversos uma
possível pequena perturbação
da validez do pequeno estreito
de tempo e espaço que ocupava.
Ou haveria de haver-me
com a eternidade contada
aos bilhões, ou seria, então,
um pedaço de polidez e
angústia emaranhado nas
fronhas fractais emancipadas
o perfume de saliva nas árvores
o rio remanso de prazer e solidão?
Jandira Zanchi
Poemas de “O Vapor da Noite” (inédito).
Poeta Jandira Zanchi
Jandira Zanchi é poeta e ficcionista. Publicou Gume de Gueixa (2013), Balão de Ensaio (2007) e o livro virtual A Janela dos Ventos (2012).
Tem lançamento para breve de Área de Corte com a Editora Patuá. Integra o conselho editorial de mallarmargens revista de poesia e arte contemporânea.
tão certo quanto certeiro
retesado é o arco e seu arqueiro
as flechas movimentam-se ao longo de pedras ruídas de um novo deserto – cores para o palácio divino/dádiva de domésticos gatunos no quase nu perfilado altar ao lado e voam pequenas aves (aqui o ar é mais rarefeito nas rotações articuladas com desdém)
a mesa servida
os cálices úmidos
nas brancas paredes um nicho de ventura e esquecimento anuncia a subida crescente, lume e contrabaixo, em cada dia de batida surda sonora reinventada na clave marítima sem forma nas bordas multifacetadas de ouro e prata
- palavras como botões de uma nova escultura –
enquanto o vento verifica suas iscas....
Jandira Zanchi
CARAVELAS
Movimentos? quase só
os conheço aos poucos,
dos incomensuráveis
me poupo em cada pouso
para amar caravelas
antes de chegar-me
assumo a distancia
o espelho da nave
era sombra e, excluído,
fez-me crer que mais graves
são as manhãs de domingo
quase sempre amigas
dos papéis em branco
das recordações recortadas
dos múltiplos feriados.
Quando se surpreende o móvel,
no movimento ou no esquecimento?
Quando se forma a forma,
na correção ou na divagação?
são infinitas as maledicências
da matéria, as fazem de forma
a estarmos em constante humilhação
da derrubada dia e ponto
noite e selo
nas armações de suas venturas
mudadas de tática e conteúdo
à piragem da Nave.
Jandira Zanchi
O ALFAIATE DA SOMBRA
Colori - de bronze – os melífluos
mestiços da calçada
No Inferno da Grandeza
o Alfaiate da Sombra
sorri a rápida passagem
de cada instante.
Vinte passos separaram cada qual
e transformaram os olhos em mesmice
e sapiência, enfim, já não se sabia,
quanto vazou em amplidão e
afronta as muitas partes do todo
dos cem versos que calei colei
as coladas cores dos artifícios
nas multifaces da serenidade.
Temia temer e sonhar
pois, dos ângulos, me
escapava, que da realidade,
a verdade não se venera.
Formas e almas?
Vazios e Soluções?
Escolhi dos diversos uma
possível pequena perturbação
da validez do pequeno estreito
de tempo e espaço que ocupava.
Ou haveria de haver-me
com a eternidade contada
aos bilhões, ou seria, então,
um pedaço de polidez e
angústia emaranhado nas
fronhas fractais emancipadas
o perfume de saliva nas árvores
o rio remanso de prazer e solidão?
Jandira Zanchi
Poemas de “O Vapor da Noite” (inédito).
Poeta Jandira Zanchi
Jandira Zanchi é poeta e ficcionista. Publicou Gume de Gueixa (2013), Balão de Ensaio (2007) e o livro virtual A Janela dos Ventos (2012).
Tem lançamento para breve de Área de Corte com a Editora Patuá. Integra o conselho editorial de mallarmargens revista de poesia e arte contemporânea.
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