Amesterdão
Respeito a memória
todos os olhares para trás
melancólicos ou perserverantes
têm uma réstia de gota de chuva
cara, mãos, cansaço
guardados na alegria chorosa
De Amesterdão ninguém conhece lembranças
risco do charro adormecido
perigos soltos em ruas sós
manhã de outro planeta e um holograma inteiro
O futuro é do pelintra
roubados olhos que possam aguentar esta merda
imaginam-se ruas de ouvidos postos
visto que faltam dedos à esperança
impossibilitei-me de te esquecer
morri esventrada pelo teu sorriso
Ana Costa
PARIS
Sei que Paris olha para si mesma com
amor e desprezo
não há amores onde
não há chão para os apanhar
Amo-te, Paris, mas isto é
só um caso
não posso ficar contigo, porque
a tua dor dura mais do que a alegria
e os acordes são mais belos
quando o tango dos dias é triste
Infeliz dicotomia, esta
de me custar abandonar
o que mais me magoa
Paris! A tua personalidade e cultura
desiludem-me, a tua Arte e amor
não me deixam que sejas totalmente má
Quando vai para Paris, o artista está
para além do desespero
perde-se definitivamente, quer deixar a miséria
apoderar-se dele, consumi-lo
Não se emigra para Paris para viver
mas definhar aos poucos.
Respeito a memória
todos os olhares para trás
melancólicos ou perserverantes
têm uma réstia de gota de chuva
cara, mãos, cansaço
guardados na alegria chorosa
De Amesterdão ninguém conhece lembranças
risco do charro adormecido
perigos soltos em ruas sós
manhã de outro planeta e um holograma inteiro
O futuro é do pelintra
roubados olhos que possam aguentar esta merda
imaginam-se ruas de ouvidos postos
visto que faltam dedos à esperança
impossibilitei-me de te esquecer
morri esventrada pelo teu sorriso
Ana Costa
Quadro de Víctor Hugo do Prado |
PARIS
Sei que Paris olha para si mesma com
amor e desprezo
não há amores onde
não há chão para os apanhar
Amo-te, Paris, mas isto é
só um caso
não posso ficar contigo, porque
a tua dor dura mais do que a alegria
e os acordes são mais belos
quando o tango dos dias é triste
Infeliz dicotomia, esta
de me custar abandonar
o que mais me magoa
Paris! A tua personalidade e cultura
desiludem-me, a tua Arte e amor
não me deixam que sejas totalmente má
Quando vai para Paris, o artista está
para além do desespero
perde-se definitivamente, quer deixar a miséria
apoderar-se dele, consumi-lo
Não se emigra para Paris para viver
mas definhar aos poucos.
Ana Costa
BERLIM
Berlim é tão distópica
criadora na desolação
talvez o progresso podre desta humanidade
seja o rombo no espírito perfeito da nossa
Ana Costa
Ana Costa |
Ana Costa
Nascida no Porto (Portugal), licenciou-se no curso de Ciência da Informação, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
Escreveu “Misantropia esclarecida” (2014, Livros de Ontem) e é autora de uma das fotografias constantes na colectânea “Penélope” (2014, Livros de Ontem e The Art Boulevard). Vive a escrita e coexiste com ela, numa relação de mútuo suporte de respiração. Ama tudo o que à Arte diz respeito; é hora vaga num mundo niilista.
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