INCÊNDIO
Teu corpo é uma planície africana
onde o capim ondula ao vento…
Tuas chamas alteiam em volutas até ao céu,
cortadas por aves famintas,
e lambem, sôfregas, os troncos erectos
os arredondando…
Teu corpo é meu sonho de primícias,
um sonho todo meu!
Ele tem montanhas
de belos e grandiosos seios,
como se fossem lançados por Deus.
O ventre é um declive harmonioso
rasgado por tenro vale
onde as sementes do meu desejo
se lançam no sonho realizado.
Tuas coxas são como esteiras
se enlaçando forte nos meus rins
como falésias abertas para o oceano,
a fecharem-se depois no auge do conseguido.
Teus lábios são carnudos como suave pêssego
que prostra a minha fome num langor sem fim.
Tua boca é do inferno,
onde todas as ondas se quebram
na espuma do meu longo e penetrante beijo.
Bem queria ter aqui tua boca para beijar…
Seria como ver um incêndio no capim angolano!
É qualquer coisa de grandioso, impossível de descrever,
essa imagem que tenho em memória,
tão coincidente com a que faço de ti!
Será que tu és o nascer do Sol de África?
Um espectáculo de suster a respiração, pois
os olhos não conseguem abarcar todas as nuances de cor
violeta e alegre, púrpura e feliz,
do sair da escuridão para o fascínio do iluminado!
Henrique Lacerda Ramalho
Lisboa/Portugal
http://www.carmovasconcelos-fenix.org
A PEDRA
Pedra bruta, pedra bruta,
me diz o que tens para contar!
Tens musgo onde nem o vento sopra,
aresta estéril onde o sol não bate?...
Pedra bruta que me dizes?
Onde a raiz que te faz estalar,
o fio d´água que te faz arrepiar?...
Pedra bruta, te limpo e te faceto,
faces planas, a luz reverberás!
Azuis, vermelhos, amarelos, verdes,
surgem faiscando de teus planos.
Quem diz que não serás cristalina,
pura como diamante ou brilhante,
esmeralda em cor profunda, rubi sanguíneo,
turquesa em marinha cor... ou outras mais?
Procuro em ti, pedra bruta,
o que outros olhos não vêem, nem notam,
ou até pisam e chutam !
Procuro em ti a obra-prima e única!
Procuro... e certamente acharei
a maravilha escondida em teu ser.
Mesmo que nenhuma beleza estranha encontre,
farás parte do muro que construo
ou ficarás numa gaveta íntima guardada,
jóia da inesquecível recordação
desse momento especial
em que te encontrei!
Henrique Ramalho
Lisboa/Portugal
CONVERGÊNCIA
Pela estrada árida, ziguezagueante,
caí em escolhos de silvas espinhosas,
e acidentais miragens de oásis, repeli...
Pela estrada paralela perscrutei
um vulto atractivo e tentador pelo qual fui sentindo
uma indefinida e inexplicável atracção.
De longe, invisível, acompanhei o seu percurso.
De súbito, algo inesperado e insólito aconteceu !
Como se do nada aparecida,
ou deliberadamente exposta por forças ocultas,
escorregadia rampa, uniu nossas estradas,
e esse vulto se me apresentou ao olhar e ao desejado contacto.
Inconfessável, esse amor calado, ignorado,
supostamente inalcançável,
transformou-se numa acirrada e ciumenta paixão brutal !
Mas... por imprevista decisão lançada do Olimpo pelos deuses,
sempre imponderáveis em seus desígnios,
as suas mãos tocaram-se, e as suas almas envolveram-se
numa osmose de pensamentos e anseios,
até que, naturalmente, se viram prosseguindo
numa só via, lisa, sem desvios nem atalhos,
rumo ao destino único, por ambos idealizado.
Henrique Lacerda Ramalho
Lisboa/Portugal
http://www.carmovasconcelos-fenix.org
HENRIQUE DE LACERDA RAMALHO:
Henrique Rosário Correia de Lacerda Ramalho é natural de Lisboa/Portugal, Coronel de Infantaria Aposentado. Criador e Web Designer das Antologias LOGOS e Colectâneas de Arte e Literatura Individuais; Web Designer da Revista Cultural eisFluências - todas sediadas no seu site FÉNIX – http://www.carmovasconcelos-fenix.org
Membro Vitalício da International Writers and Artists Association - IWA /USA; Supervisor Embaixador Internacional e Académico Imortal da Academia da Cultura Internacional do MUC (Taubaté); Medalha da Paz/CONINTER; Comenda Conde Figueiró/AVLAC; Membro Universal do Circle Ambassadors of Peace; Prémio "Cultivo da Paz - Hiroshima 70 Anos"/ MUC; Comenda da Embaixada da Poesia/AVLAC; Honra ao Mérito "Carlos Drummond de Andrade"/AVLAC; Académico Correspondente e Membro Honorário da APALA - RJ - Brasil.
Teu corpo é uma planície africana
onde o capim ondula ao vento…
Tuas chamas alteiam em volutas até ao céu,
cortadas por aves famintas,
e lambem, sôfregas, os troncos erectos
os arredondando…
Teu corpo é meu sonho de primícias,
um sonho todo meu!
Ele tem montanhas
de belos e grandiosos seios,
como se fossem lançados por Deus.
O ventre é um declive harmonioso
rasgado por tenro vale
onde as sementes do meu desejo
se lançam no sonho realizado.
Tuas coxas são como esteiras
se enlaçando forte nos meus rins
como falésias abertas para o oceano,
a fecharem-se depois no auge do conseguido.
Teus lábios são carnudos como suave pêssego
que prostra a minha fome num langor sem fim.
Tua boca é do inferno,
onde todas as ondas se quebram
na espuma do meu longo e penetrante beijo.
Bem queria ter aqui tua boca para beijar…
Seria como ver um incêndio no capim angolano!
É qualquer coisa de grandioso, impossível de descrever,
essa imagem que tenho em memória,
tão coincidente com a que faço de ti!
Será que tu és o nascer do Sol de África?
Um espectáculo de suster a respiração, pois
os olhos não conseguem abarcar todas as nuances de cor
violeta e alegre, púrpura e feliz,
do sair da escuridão para o fascínio do iluminado!
Henrique Lacerda Ramalho
Lisboa/Portugal
http://www.carmovasconcelos-fenix.org
Fotografia de Isabel Furini |
A PEDRA
Pedra bruta, pedra bruta,
me diz o que tens para contar!
Tens musgo onde nem o vento sopra,
aresta estéril onde o sol não bate?...
Pedra bruta que me dizes?
Onde a raiz que te faz estalar,
o fio d´água que te faz arrepiar?...
Pedra bruta, te limpo e te faceto,
faces planas, a luz reverberás!
Azuis, vermelhos, amarelos, verdes,
surgem faiscando de teus planos.
Quem diz que não serás cristalina,
pura como diamante ou brilhante,
esmeralda em cor profunda, rubi sanguíneo,
turquesa em marinha cor... ou outras mais?
Procuro em ti, pedra bruta,
o que outros olhos não vêem, nem notam,
ou até pisam e chutam !
Procuro em ti a obra-prima e única!
Procuro... e certamente acharei
a maravilha escondida em teu ser.
Mesmo que nenhuma beleza estranha encontre,
farás parte do muro que construo
ou ficarás numa gaveta íntima guardada,
jóia da inesquecível recordação
desse momento especial
em que te encontrei!
Henrique Ramalho
Lisboa/Portugal
Fotografia de Issa bel Furini |
CONVERGÊNCIA
Pela estrada árida, ziguezagueante,
caí em escolhos de silvas espinhosas,
e acidentais miragens de oásis, repeli...
Pela estrada paralela perscrutei
um vulto atractivo e tentador pelo qual fui sentindo
uma indefinida e inexplicável atracção.
De longe, invisível, acompanhei o seu percurso.
De súbito, algo inesperado e insólito aconteceu !
Como se do nada aparecida,
ou deliberadamente exposta por forças ocultas,
escorregadia rampa, uniu nossas estradas,
e esse vulto se me apresentou ao olhar e ao desejado contacto.
Inconfessável, esse amor calado, ignorado,
supostamente inalcançável,
transformou-se numa acirrada e ciumenta paixão brutal !
Mas... por imprevista decisão lançada do Olimpo pelos deuses,
sempre imponderáveis em seus desígnios,
as suas mãos tocaram-se, e as suas almas envolveram-se
numa osmose de pensamentos e anseios,
até que, naturalmente, se viram prosseguindo
numa só via, lisa, sem desvios nem atalhos,
rumo ao destino único, por ambos idealizado.
Henrique Lacerda Ramalho
Lisboa/Portugal
http://www.carmovasconcelos-fenix.org
HENRIQUE DE LACERDA RAMALHO:
Henrique Rosário Correia de Lacerda Ramalho é natural de Lisboa/Portugal, Coronel de Infantaria Aposentado. Criador e Web Designer das Antologias LOGOS e Colectâneas de Arte e Literatura Individuais; Web Designer da Revista Cultural eisFluências - todas sediadas no seu site FÉNIX – http://www.carmovasconcelos-fenix.org
Membro Vitalício da International Writers and Artists Association - IWA /USA; Supervisor Embaixador Internacional e Académico Imortal da Academia da Cultura Internacional do MUC (Taubaté); Medalha da Paz/CONINTER; Comenda Conde Figueiró/AVLAC; Membro Universal do Circle Ambassadors of Peace; Prémio "Cultivo da Paz - Hiroshima 70 Anos"/ MUC; Comenda da Embaixada da Poesia/AVLAC; Honra ao Mérito "Carlos Drummond de Andrade"/AVLAC; Académico Correspondente e Membro Honorário da APALA - RJ - Brasil.
Prezado Carlos Zemek, acima de tudo meus Parabéns pela sua importante Revista. Manifesto o meu honroso agrado e o meu agradecimento pela gentileza da publicação de meus poemas. Com admiração, o meu abraço. Henrique
ResponderExcluirSempre muito bom divulgar arte e cultura...
ExcluirUm grande abraço