Fotografia de Isabel Furini |
Um anjo desceu do lado escuro
da Lua crescente,
e invadiu meu subconsciente
enquanto eu sonhava com as areias do deserto.
Arrebatada perguntei de maneira impertinente:
- Anjo, você acha que no túmulo
acaba a vida como um sol poente?
Sua resposta foi ambivalente:
- Pode ser que a alma continue
ou desapareça no túmulo silente.
Sou um Anjo, nunca esquadrinhei
os meandros da criação divina
eu não conheço todas as respostas,
mas sou um Anjo e o mundo me fascina.
Depois, apoiou-se no zodíaco de Dendera e falou:
- A vida humana é como uma trilha na selva.
O homem é só um microcosmo e até as paixões
estão escritas com tinta nas estrelas.
São as estrelas as grandes condutoras
deste Universo de papel e fantasia
que ancora sonhos e esperança e amor e ódio e poesia.
É preciso ser um leitor das estrelas muito atento,
perscrutar o céu, contemplar auroras,
compreender os relatos mitológicos,
pensar no zodíaco, nos quadrantes,
analisar as sinastrias e os círculos astrológicos.
É preciso avançar com cautela
(calmamente)
e perseguir o rasto da sincronicidade
entre os gestos humanos e as estrelas.
POETIZAR
poetizar não é somente
fazer rimas
- nem ritmicamente
organizar as palavras.
poetizar é uma galáxia
que surge
(inesperadamente)
e preenche o vazio da alma.
Fotografia de Paulo Zemek |
MEDUSAS
Nas águas
orbitam oníricas
melodias
No azul infinito
as medusas avançam
retrocedem
dançam
inventam coreografias
e alegram as retinas
do espectador.
Isabel Florinda Furini é escritora, poeta e palestrante; orienta oficinas de criação literária; é autora do livros de poesia Os Corvos de Van Gogh (Editora Instituto Memória) e O Grande Poeta (Editora Matrix – obra para o público infantil); colunista do jornal digital Paraná Imprensa; criadora e organizadora do Concurso Internacional Poetizar o Mundo (na 11º edição); organizou exposições de Arte e Poesia no Brasil e na Argentina; foi nomeada Embajadora de la Palabra pela Fundação Cesar Egido Serrano (Espanha), em 2015; recebeu a Comenda Ordem de Figueiró pela Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura do Brasil, em 2015.
Parabéns pelos poemas, especialmente por "O Anjo Ambivalente". Gostei muito.
ResponderExcluir