Leny Mell: Saudade e outros poemas


Fotografia de Isabel Furini
SAUDADE

Na cadeira de balanço,
Balanço uma saudade
Adormecida pela idade,
Em meus braços.
Mas como uma criança
Ela desperta,
Ela dança.
Desce e sobe escadas,
Faz pirraças.
Acha graça,
De me ver chorar.
Esse teu desassossego,
Me deixa louca.
Fico roxa,
Quero te pegar.
Mas ela canta e encanta,
Tem vozes e cheiros.
Ela sabe me machucar.
Por que essa saudade
Não se aquieta?
Deixe essa página em branco.
Respeite os meus cabelos brancos.
Volte pra cadeira de balanço,
E adormeça.
E antes que amanheça,
Eu sei que voltarás.

Leny Mell

Arte digital de Carlos Zemek
CALOR HUMANO

É a mão que te navega
Em um mar nebuloso.
É a mão estendida,
Quando se cai no convés
Dessa vida, ferida.
É um abraço gostoso,
Depois de se jogar
Num oceano piscoso,
Sem saber nadar.
Calor humano
É a mão que vem te pescar,
A que joga a rede a rede ao mar..
Mãos que te trazem à tona
Devolvendo
O ar da vida
Na respiração boca a boca.
E sobe um calor humano
Aquecendo a hipotermia
Dessa vida que quase
Se finda no fundo de um poço.
E ao despertar
Se põe a pensar:
Que bom seria
Se houvesse mais calor humano,
Por certo,
Muitas vidas iriam se salvar.
Leny Mell






SAUDADE

Na cadeira de balanço,
Balanço uma saudade
Adormecida pela idade,
Em meus braços.
Mas como uma criança
Ela desperta,
Ela dança.
Desce e sobe escadas,
Faz pirraças.
Acha graça,
De me ver chorar.
Esse teu desassossego,
Me deixa louca.
Fico roxa,
Quero te pegar.
Mas ela canta e encanta,
Tem vozes e cheiros.
Ela sabe me machucar.
Por que essa saudade
Não se aquieta?
Deixe essa página em branco.
Respeite os meus cabelos brancos.
Volte pra cadeira de balanço,
E adormeça.
E antes que amanheça,
Eu sei que voltarás.

Leny Mell



O arco do desmatamento

De que cor seria o meu mundo,
Sem o verde dessa mata?
Pois o verde dessa mata,
Que o homem desmata,
Torna mais cinza
O meu mundo.
Deixando de ser fecunda,
Deixando de ser oriunda.
Todos mudos,
Diante de uma obra de arte,
Que se esvai no tempo.
Esse quadro que
Ninguém mais entende,
Agora abstrato.
Admirados por poucos,
Assinados por loucos.
Ah! Esse Maltrato,
Que circunda o arco,
Despindo o nato,
Por impensados atos.
Ah! Essa selva,
Dona dessas árvores silvestres,
Tombadas pela motosserra,
Choram caídas por terra.

Leny Mell

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