Mhario Lincoln é entrevistado por Isabel Furini

Nosso entrevista é Mhario Lincoln do Brasil, advogado,  Auditor Fiscal aposentado, poeta e escritor brasileiro, nascido em São Luís-Ma, em 1954. Trabalhou durante mais de 40 anos como jornalista profissional em jornais e TV (entre eles, o SBT/Difusora).É Comendador no grau de Cavaleiro, título conferido pelo Governo do Estado do Maranhão. Foi condecorado pela Maçonaria do Rio de Janeiro (como colaborador). É Embaixador Universal da Paz. Publicou dois livros de Direito,  um de reportagem-romance, dois livros de poesia, além de crônicas e reportagens. É membro-correspondentes do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; da Academia Maranhense de Letras Jurídicas;  Sociedade Amigos da Marinha (Somar);  Sindicato de Jornalistas Profissionais de São Luís-Ma;  Presidente da Academia Poética Brasileira;  Editor-sênior da Revista Poética Brasileira, do Acervum, Suplemento de Poesia e Artes da RPB.

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Mhario você é jornalista com uma longa trajetória, ou seja, você escreve há muito tempo. Quando começou a escrever poesia?

Resposta: Não me lembro. Mas com 8 anos participei de uma avaliação poética em minha escola e tirei o primeiro lugar. Fui sempre um bom aluno na matéria ‘Português’ ou ‘Língua Portuguesa’ (antiga, kkkk). Uma das matérias chamada de DESCRIÇÃO, também me destacava. Era assim: a professora colocava uma paisagem (foto, pintura, ou outro tipo de expressão artística), em um cavalete na frente da sala, mandava os alunos escreverem sobre o que estavam vendo. Uma delas (a professora fazia uma introdução sobre a paisagem) era NARCISO mirando-se nas águas. Pois bem. O tempo passou e um dia, ao visitar minha ex-professora em sua casa, ela me mostrou um caderno antigo, onde, com a letra dela, estava o resultado de minha ‘descrição’ à foto do Narciso. Levei uma cópia junto e nunca mais esqueci. Deve ter sido a primeira poesia que fiz pra valer.

SOMOS TODOS NARCISOS

“Somos todos Narcisos,
Seja, na inveja dos Narcisos dos outros,
Seja na benevolência com nossos próprios Narcisos.
Na vida, os Narcisos estão à solta,
Nossa mente os retém a todos, catalogados
Às vezes choram nas solidões, outras nas lamúrias;
Os meus, especificamente, entre dores e sorrisos,
Com futuros sem prognósticos, nem volta,
Acabem enterrados nas decepções do ontem,
E, sem nada mais, deixam-se engolir pelo rio-espelho
Para, gradativamente, morrerem afogados...”(MLFS).
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As Anotações abaixo fiz nesse dia em que a professora me mostrou o poema.
(Liceu Maranhense/Primeiro ano do Ginásio/S.Luís-MA).




Mhario, o que representa a poesia na sua vida?

Resposta: Não tinha muitas ligações pessoais com a poesia, mesmo minha mãe sendo poeta e quase todos da minha família Felix, tendo grandes poetas, respeitados na região. Minha avó, Isabel, escreveu um livro maravilhoso intitulado ‘O Pôr do Sol de Minha Terra’, referindo-se a sua cidade natal, Rosário-Maranhão. Meu primo, Marconi, foi exuberante. Poeta premiado. Morreu sem ser escolhido para a Academia Maranhense de Letras, fato que seria honroso para aquela casa, se ele o fosse, diga-se de passagem. Mas, junto com Tribuzi, Murilo Sarney, Carlos Cunha, Fernando Belfort, Edison Vidigal, Domingos Manteiga entre outros, viria a criar, posteriormente, a famosa Academia dos Novos que ‘fez frente’ a AML, protagonizando, as duas academias, uma disputa incrível com publicações e batalhas poéticas pelos jornais da ilha de São Luís.

Até vir para Curitiba, em definitivo, no início de 2008, as atividades em minha cidade natal, S.Luís-Ma, estavam diretamente ligadas a política. Fui candidato a vereador em decorrência de ter mais ou menos uns 30 anos de jornalismo investigativo, na TV e em dois dos principais jornais da cidade. Perdi a eleição. E isso me fez refletir se valia a pena mesmo ter sido eleito, diante de um quadro (à época) muito difícil de deglutir pelas ações apodrecidas de políticos e da política nacional. Ainda tentei continuar com meu jornalismo investigativo até 2010, através de um grande portal de notícia que montei aqui em Curitiba-PR, no centro comercial da cidade. Decepcionei-me ainda mais. Então fui encontrando amigos curitibanos pelas redes sociais e eles iam me apresentando poetas e escritores locais, conheci a Feira do Poeta, Vanice Zimernan Ferreira (amiga do peito), e foi despertando em mim a ideia de transformar meus veículos de comunicação, virtuais, para incentivar essas maravilhosas letras e artes de todas as espécies, origens ou gêneros. Voltei ao tempo e me redescobri como ‘fazedor de versos’, mergulhei em meus alfarrábios, pesquei coisas que nem mesmo me lembrava, ou seja, construí nos últimos tempos uma pequena carreira literária a se consumar até o final deste ano de 2017, com o lançamento oficial de meu romance ‘Celeste de Todas as Marias’, o primeiro livro, no gênero, que lanço. Tenho dois livros de poesia, um de reportagem-romanceada’, INA-AVIOLAÇÃO DO SAGRADO, dois livros de Direito, um livro reunindo minhas principais colunas de jornal, escritas entre 1999 e 2001 no Jornal Pequeno (SLZ) e centenas de textos, crônicas e reportagens-documentário publicadas em inúmeros jornais brasileiros. No rádio, em 1969, criei um programa chamado ‘O Mundo Científico’. Fui apresentador de TV, colunista Social, por mais de 30 anos, ao lado de minha mãe inesquecível, jornalista Flor de Lys.


Quais são seus autores preferidos?

Resposta: Acho a ficção de Júlio Verne -20 mil Léguas Submarinas – imperdível de ler. Aprendi muito com os livros de Verne. Um livro reflexão de vida: O de Gabriel García Márquez – 100 Anos de Solidão -  e a incrível história da família Buendía, uma estirpe de solitários que habitam a mítica aldeia de Macondo. Para quem quer ser um bom produtor literário, por outro lado, tem obrigação de ler - Madame Bovary -, esse magnífico romance escrito por Gustave Flaubert. Mas, meus olhos ainda cintilam quando folheio minha surrada edição de Don Quixote, de Miguel de Cervantes. Já me imaginei várias vezes sendo um Don Quixote de La Mancha, esse cavaleiro errante, sem muita razão de ser, lutando contra o imaginário, ao lado de seu fiel escudeiro Sancho Pança. Não posso deixar de afirmar: meus olhos realmente marejaram quando li - O Conde de Monte Cristo – desse espetacular Alexandre Dumas. Agora, um romance épico de arrepiar é Os Pilares da Terra – por sua narrativa consciente logo às primeiras páginas. O livro conta a história da construção da catedral de Kingsbridge, numa cidade fictícia criada por Ken Follett. Ele imaginou tudo isso para falar dos acontecimentos passados na Inglaterra do Século XII, um deles, denominado Anarquia, no reinado de Estevão, entre 1135 e 1153. Seguindo, meu primeiro encontro com a literatura brasileira se deu através de – Meu Pé de Laranja Lima – de José Mauro de Vasconcelos. Foi esse livro que me ‘pegou’ literalmente. Depois dei boas risadas quando li, anos que se seguiram, uma crítica ao livro e dizia assim: “Esse é um livro para quem NÃO gosta de ler, porque é um excelente ‘pega leitores’, um livro recomendado para gente de todas as idades e que tem uma certa aversão à leitura, porque tenho certeza que ficará apaixonado.” De certa forma, ler brasileiros é essencial. Por exemplo, ‘Dom Casmurro’, de Machado de Assis, ‘O Mulato’, de Aluízio Azevêdo, uma verdadeira bomba para a época. Era1881 e esse romance inicia o Movimento Naturalista no Brasil. Ele escreve e conta como era o preconceito racial entre os ditos burgueses maranhenses. Diante da reação, claro, contrária ao livro, ele se viu obrigado a voltar para o Rio de Janeiro para onde tinha ido, anos antes. Bem, são tantos livros lidos, mas poucos me marcaram profundamente. Não posso deixar de citar uma obra espírita que me deixou com a cabeça à mil: ‘Memórias de Um Suicida’, psicografada por pela médium espírita brasileira Yvonne do Amaral Pereira, cuja autoria é atribuída ao espírito do romancista português Camilo Castelo Branco. Mais um pouco além das coisas normais, cheguei a ler várias obras que falam dos ET’S entre nós. Gosto muito desse tipo de literatura igualmente. O Último foi ‘Varginha, toda verdade revelada’, do ufólogo Marco Petit. Genial.






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