Paulo Pignanelli: do livro Poemas Indelicados

Ruína

Na frágil porcelana
o brasão esmaecido
entre cortinas pesadas

Camafeus perdidos
se ocultam
entre tábuas rangentes
do assoalho

São tristes os dias 
de inverno nos salões
vazios da casa




Ponto

Pausa
para reinício
lugar de encontro
partida e chegada

Posição
onde se deve estar
pra receber o passe
em sequência

Borrão
irregular no papel
que se espalha enquanto
flui

Paulo Pignanelli



Quadro de Carlos Zemek


Noturno

Saía às noites
como um louco
encantado com o céu

As mãos
juntas em cálice

Voltava à casa
molhado de estrelas

Paulo Pignanelli








Limite

Aproximou
os olhos da borda 
experimentou com os pés
o limo das pedras

Desprendeu-se
assim que as asas
se abriram

Sobre o burburinho
das águas executou
o primeiro vôo

Paulo Pignanelli

Esses belos trabalhos inéditos de Paulo Pignanelli são do livro "Poemas Indelicados" que será lançado pela editora Singularidade.



Paulo Pignanelli, paulistano, morou estudou e trabalhou em várias regiões do país. Arquiteto, urbanista e professor, mestre em Estruturas urbanas e ambientais pela Universidade de São Paulo, milita no campo da arquitetura há quatro décadas, escreve poemas há alguns anos, por obsessão e vicio incontrolável. Lança seu primeiro livro, Poemas Indelicados, em junho, pela Editora Singularidade.

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