Antero Jerónimo: Dois Poemas


Poema de 

© Antero Jeronimo

Condeno-me a este inusitado exílio
por não existir, longe de ti
numa vontade insana de acontecer
onde o corpo capitula sem remissão
de saborear o mel das abelhas
nesse frémito onde os lábios vão beber
de purificar a minha vontade profana
na água do teu santuário ofertado
ver a luz intensa que cobre o teu semblante
desenhando a premência do êxtase arrebatador
tentando imaginar
em muda contemplação
as linhas ousadas do teu corpo
como a face última do pensamento
e decifrar aí a essência da perfeição.

 

Fotografia de Antero Jeronimo

 

[Dos Deuses e Heróis]
EROS© Antero Jeronimo

À luz da vela titubeante
pasmado pela ciência dos antigos
convoco-te, deus do amor
ao palácio da minha ousadia
em consílio de desesperança
Não mendigo ambrósia e néctar
nem as graças do teu acolhimento
pois sou insignificante mundano
perdido no seio da adversidade
Desfecha tuas setas certeiras
no coração do homem descrente
de deuses de honra e de amor
Penetra no coração empedernido
ferindo de morte a cobiça vil
entorpecida em iludido sono estígio
Que a beleza da lenda
torne da razão a fantasia
Que o puro sentimento peregrino
seja conduzido nos braços
servis do gentil zéfiro
levando o mesquinho rastejar
à imortalidade alada da alma.
 


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