me desfiz
do meu nome
a tal ponto
q se alguém me chamar
na rua não responderei
parei de ser eu
e não recomeçarei
nunca mais
então diga
o q quiser
a meu respeito
que sou louca
atormentada
je m'en fous
não é mais de mim
q vc fala
mas de vc mesmo
divirta se
Patricia Laura Figueiredo
*
adoro
teu nome
teu nome inteiro
saboreio teu nome
como um brinquedo
(teu nome inteiro)
as vogais do teu nome
ah..me perceberam
me procuram pela manha
sentem meu cheiro
deslizam pelos meus seios
(sem medo)
me evitam em i
me sussurram em a
me abraçam em o
sorriem entre meus dedos
se escondem entre meus pelos
(me beijam
me beijam)
desejando
engulindo
tremendo
teu nome inteiro
acordo
teu nome
(em segredo)
Patricia Laura Figueiredo
*
antes a morte era longe
a morte era no fim
um corredor imenso
até se chegar ao silêncio
lenços e acenos
um em nome do pai outro do filho
e nos mandavam pro jardim
a morte era nome em itálico
num espaço reservado preciso lá embaixo
onde se lia passando os dedos:
o-b-t-u-á-r-i-o
a morte era então lamentada
em seguida dobrada e esquecida
junto a dor de barriga e as formigas
a morte era os gritos
e braços levantados
assustando e assustados
correndo pra todo lado
fantasmas de lençóis engomados
"quem chegar por último é a mulher do padre"
(outro tipo de morte que não se ouvia)
hoje a morte é aqui ao lado
a morte é rápida e de novo
sem vento e o tempo todo
sem peso sem passado
é agora inteira no ato
é tudo "q é ruim" e "porque sim"
tudo q é sem ontem sem amparo
tudo q é descaso
sem antes sem demora
sem corredor sem memória
a morte não é mais no fim
nada que se deixe se queira se pareça
ou lembre
as mil meninas mortas em mim
Patricia Laura Figueiredo
Patricia Laura Figueiredo, entre São Paulo, onde nasceu e se dedicou à poesia e ao teatro desde cedo, e Paris, onde mora desde 1990, amadureceu seus poemas numa vida dedicada a tornar o poema uma experiência essencial. Publicou o seu primeiro livro de poesias, Poemas sem nome pela editora Ibis Libris e seu segundo No Ritmo da Agulhas, em março de 2015 pela editora Patuá. Participou de várias antologias, no Brasil e na Alemanha e também em diversas revistas digitais de literatura e poesia. Acaba de publicar, pela Editora Dasch seu terceiro livre de poèmes » poemass bebês ».
do meu nome
a tal ponto
q se alguém me chamar
na rua não responderei
parei de ser eu
e não recomeçarei
nunca mais
então diga
o q quiser
a meu respeito
que sou louca
atormentada
je m'en fous
não é mais de mim
q vc fala
mas de vc mesmo
divirta se
Patricia Laura Figueiredo
*
adoro
teu nome
teu nome inteiro
saboreio teu nome
como um brinquedo
(teu nome inteiro)
as vogais do teu nome
ah..me perceberam
me procuram pela manha
sentem meu cheiro
deslizam pelos meus seios
(sem medo)
me evitam em i
me sussurram em a
me abraçam em o
sorriem entre meus dedos
se escondem entre meus pelos
(me beijam
me beijam)
desejando
engulindo
tremendo
teu nome inteiro
acordo
teu nome
(em segredo)
Patricia Laura Figueiredo
*
Fotografia de Neni Glock |
antes a morte era longe
a morte era no fim
um corredor imenso
até se chegar ao silêncio
lenços e acenos
um em nome do pai outro do filho
e nos mandavam pro jardim
a morte era nome em itálico
num espaço reservado preciso lá embaixo
onde se lia passando os dedos:
o-b-t-u-á-r-i-o
a morte era então lamentada
em seguida dobrada e esquecida
junto a dor de barriga e as formigas
a morte era os gritos
e braços levantados
assustando e assustados
correndo pra todo lado
fantasmas de lençóis engomados
"quem chegar por último é a mulher do padre"
(outro tipo de morte que não se ouvia)
hoje a morte é aqui ao lado
a morte é rápida e de novo
sem vento e o tempo todo
sem peso sem passado
é agora inteira no ato
é tudo "q é ruim" e "porque sim"
tudo q é sem ontem sem amparo
tudo q é descaso
sem antes sem demora
sem corredor sem memória
a morte não é mais no fim
nada que se deixe se queira se pareça
ou lembre
as mil meninas mortas em mim
Patricia Laura Figueiredo
Patricia Laura Figueiredo, entre São Paulo, onde nasceu e se dedicou à poesia e ao teatro desde cedo, e Paris, onde mora desde 1990, amadureceu seus poemas numa vida dedicada a tornar o poema uma experiência essencial. Publicou o seu primeiro livro de poesias, Poemas sem nome pela editora Ibis Libris e seu segundo No Ritmo da Agulhas, em março de 2015 pela editora Patuá. Participou de várias antologias, no Brasil e na Alemanha e também em diversas revistas digitais de literatura e poesia. Acaba de publicar, pela Editora Dasch seu terceiro livre de poèmes » poemass bebês ».
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