Paulo Pignanelli: Vértices - e outros poemas

Vértices

A ponta do punhal
no coração e pronto

Dá-se
o encontro poliédrico
nos cumes das negras chaminés

O desequilíbrio
da vertigem no precipício
é convite a saltar no mundo

Paulo Pignanelli



Obra da artista plástica Claudia Agustí (Patagônia, Argentina)




Entretida
                 para Adri Aleixo

Me causa arrepio
o pulsar ansioso
No entrecorte dos sentidos

Teu semblante distraído
a folhear páginas de Clarice
sopradas pela brisa da manhã
de fronte à tua porta

Te esqueces
nua

Paulo Pignanelli





A leveza

As águas do mar
ondulam a linha do horizonte
em equilíbrio

Não há tormentas
nem haverá ressacas
nos dias que seguem
a calma

No limiar entre terra e água
percebo o infinito labirinto
do tempo

No marulhar das ondas
ouço o sonar das baleias
volteando fontes
arqueando os planos da terra

Paulo Pignanelli



O amor e o tempo

Pra gente
seguir a chuva
ver o fogo queimar as matas
nas estradas

Pra gente
sentir o vento
e fechar os olhos

Pra gente
lembrar do amor
que nos trouxe
bocados e alegrias
e nos levou outro tanto

Por sua gentil companhia
a nublar os olhares
das partidas

Paulo Pignanelli





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