Elciana Goedert: Entrevistada por Isabel Furini



Elciana Goedert (Ciça) é a entrevistada da revista de maio.

Elciana é professora, graduada em Biologia (UEPG), com especialização em Tecnologias Educacionais. Atualmente atua na Equipe Tecnológica PDE/CAA/SEED – PR. Participa de diversos movimentos literários curitibanos, como o Coletivo Marianas; CuTUCando a Inspiração, grupo Escritibas na Rua e Sarau Popular (evento organizado pela Fundação Cultural de Curitiba). Autora dos livros “Eu e a Poesia”  e “Sob a Ótica de Eros”. Também participou de antologias poéticas.






Quando começou a escrever poesias?

Sou professora por formação e poeta por inclinação. Muitos pensam que por escrever, tenha formação em Letras, mas sou graduada em Biologia (UEPG), com especialização em Tecnologias Educacionais. Desde criança sempre gostei de ler, e escrever foi consequência. A escrita poética  surgiu na minha adolescência, mas eram anotações que se perderam nas indas e vindas de minha vida. Retornou num período de transformação pessoal, após meu divórcio. Eu, que já realizava produções escritas no meu trabalho (tutoriais, artigos e afins), então, me (re)descobri poeta. A princípio, a partir de 2011, comecei a publicá-las em meu blog (Descobrindo quem sou) e mais tarde, no meu perfil pessoal no Facebook. Mais tarde criei a página de poesias: Ciça - Universo em Versos. Em 2012 uma de minhas poesias “Espécie Multicor” foi selecionada num concurso e passou a integrar o livro “Novos Poetas”. Foi minha primeira participação numa antologia. Conheci outros grupos de Poesia nas redes sociais, e em 2013, com um destes grupos – a CPI, Confraria da Poesia Informal - participei da primeira Antologia Poética do grupo, com quatro poesias. Em 2014 organizei meus escritos e publiquei Eu e a Poesia, meu primeiro livro. Ano passado, em agosto, publiquei meu segundo livro, só com poesias eróticas: Sob a Ótica de Eros. Em março deste ano, no dia das mulheres, lancei meu terceiro livro – Nutrisia  – fazendo parte da Coleção Marianas com os livros de mais 10 escritoras do coletivo.
E a inspiração não para! Em breve lançarei outros trabalhos, em antologias poéticas.


Muitos poetas gostam de escrever, mas raramente realizam a leitura completa de um livro de poesias de outro autor. Você além de ser autora, é leitora de livros de poesia?

Sim, gosto muito de ler, desde criança. Leio de tudo um pouco: romances, aventuras, crônicas, contos... mas acabo lendo mais poesias pela praticidade.
Acho a leitura de poesias interessante, porque não exige uma sequência. Você pode ler conforme a vontade ou quando o tempo permite, sem se ater a uma sequência de escrita das páginas. Por isso creio que a poesia seja livre, em todos os sentidos. É isso que me encanta.


Segundo Neruda, o grande poeta chileno, para escrever você começa com uma letra maiúscula e termina com um ponto final. No meio você coloca as ideias. No seu caso escrever é uma tarefa simples ou estressante?
Escrever é dar asas para as ideias que surgem com a inspiração. Claro que na escrita de um poema, a poesia já pode estar embutida no título, e dependendo do estilo do poeta, ele pode iniciar com uma palavra minúscula e até dispensar o ponto final.
Escrever poemas, para mim, é uma terapia. Então, não pode ser nada com horário preestabelecido, forçando a inspiração, como que querendo arrancar palavras de onde elas não existem. Poesia é vazão de sentimentos, e como tal, precisa ser espontânea. Assim, quando a inspiração me visita, ela flui com leveza. Parece até que neste momento sou tomada por uma força que faz com que as palavras simplesmente se encaixem numa construção poética. Às vezes a construção segue para a poesia moderna, sem tanta preocupação com métricas e rimas. Em outras, um soneto, por exemplo, parece que vai se formando instantaneamente. Claro que ainda há o período de burilação das palavras. Lapidar a pedra bruta sempre é importante, até que tudo se encaixe perfeitamente. Mas mesmo assim, acredito que escrever seja um prazer, nunca uma tarefa forçada, estressante...



A proliferação dos blogs mostra que as pessoas escrevem mais, mas será que escrevem bem? Qual a sua opinião sobre o fato das pessoas criarem blogues para divulgarem seus textos?

Há muita informação escrita na internet, isto é fato. O número crescente de Blogs não significa um aumento no número de bons escritores. Claro que dentro de uma análise podem ser encontradas e selecionadas algumas revelações no campo da escrita, seja na prosa ou na poesia. Essa “proliferação” de escritores ocorreu não só pelo aumento de blogueiros, mas também pela divulgação e publicação de produções escritas nas redes sociais.
Como professora, creio que todas as pessoas que aprenderam a ler e escrever tem a capacidade de produção de textos. O que muitas vezes lhes falta é o conhecimento e domínio das normas e regras da Língua, o que garante a qualidade da escrita e a garantia de que a comunicação seja bem-sucedida.
Mas a essência do que se quer transmitir num texto muitas vezes se perde entre tantos erros de grafia e concordância. Muitos tem se utilizado equivocadamente da desculpa da “licença poética” na escrita de poemas, argumentando sobre essas falhas. Mas na maioria dos casos vemos que não é um estilo de escrita, mas um desconhecimento de seu significado. A licença poética é uma expressão “incorreta” (seja de opiniões, afirmações, teorias ou situações expressas pelo escritor) dentro de um contexto de linguagem, que se permite ao escritor expressar sua criatividade sem estar preso às regras da Língua Portuguesa. Muitas vezes é utilizada para expressões regionalistas ou que identifiquem um grupo. Essa construção é aceita apenas na poesia e não caberia fora do campo da literatura.
Um bom escritor, a meu ver, pode não conhecer todas as regras da linguagem culta, mas consegue transmitir a essência de sua mensagem. Ele reconhece que precisa do auxílio de um revisor antes de publicar sua produção. Quando está com dúvidas, busca ajuda e aceita correções quando alguns ajustes lhe são apontados. Ninguém pode ser ingênuo a ponto de pensar que todos os grandes escritores escrevem com perfeição. Se assim o fosse, não seria necessária a função de revisão textual dentro de uma editora.


Quais são seus poetas preferidos, aqueles cujos poemas tocam à sua alma?

Difícil dizer quais são meus poetas preferidos... São tantos que tocam minha alma!
Em se tratando de poetas brasileiros, gosto muito das poesias de Vinícius de Moraes, Érico Veríssimo, Drummond, Manuel Bandeira, Olavo Bilac, Manoel de Barros, Hilda Hilst. Admiro a simplicidade e singeleza nos escritos de Cora Coralina, Adélia Prado, Helena Kolody e Cecília Meireles. Também me emociono com alguns poemas de Cruz e Souza e Augusto dos Anjos, por exemplo. Também me tocam poemas de alguns escritores estrangeiros: sou apaixonada pelos poemas de Florbela Espanca, Neruda e de Mario Benedetti, e aprecio as várias faces poéticas do Fernando Pessoa. Me encanta a leitura dos poemas de T. S. Eliot, Octavio Paz e Hermann Hesse.
Mas não poderia deixar de citar os diversos poetamigos que fazem parte de minha vida (mesmo virtualmente). Alguns tenho o prazer de possuir em minha biblioteca pessoal. São muitos, e por isso não vou citá-los, para que não corra o risco de esquecer ninguém.



Fale de seus próximos projetos? Há algum livro sendo produzido?

Depois dos lançamentos de meus últimos trabalhos (Sob a Ótica de Eros e Nutrisia), estou escrevendo e guardando minhas produções para o próximo livro, que talvez possa ser lançado em 2018. Por enquanto estou participando de Antologias para as quais fui convidada: Mãos Aos Versos - II Antologia AVL (Academia Virtual de Letras); Antologia Asas à Poesia, Editora Liberum; Conexão Feira do Poeta III e Parnaso Poético 2017 – todas com lançamento ainda este ano.

Para quem quiser entrar em contato com você, quais são as formas?

Nas redes sociais tenho o perfil social www.facebook.com/elciana.goedert/  e a página de poesias no Facebook  www.facebook.com/universoemversos/  . Ou ainda pelo meu e-mail: elciana.goedert@gmail.com

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