Entrevista com João Luiz Fiani

João Luiz Fiani

Nosso entrevistado é João Luiz Fiani, ator, diretor, produtor, escritor, radialista e empresário, foi o fundador do Teatro Lala Schneider, atualmente é o Secretário de Estado da Cultura. Como diretor de tearo, já recebeu o Prêmio Gralha Azul. Participou do filme Balada do Vampiro, de Beto Carminatti, 2007, recebendo o prêmio de melhor ator no Festival Latino Americano de Curta-Metragens de Canoa Quebrada. Entre outros trabalhos na televisão, contracenou com Camila Pitanga na novela Babilônia, da Globo. É interessante destacar que Fiani recebeu autorização do escritor Dalton Trevisan para levar suas obras ao teatro. Fiani se caracteriza pelo espírito humanista. Seus seus trabalhos são realizados com seriedade, responsabilidade e criatividade.



*O senhor é conhecido por seu trabalho na área de teatro. Iniciou cedo, aos treze anos de idade. Como foi esse início participando de peças no colégio e depois frequentando o Curso Permanente de Teatro no Guaíra.  Quais eram as suas expectativas? Elas se realizaram?

Realmente comecei muito cedo! O teatro me fisgou desde o início! Acho que obtive sucesso por não ter muitas expectativas. Vivo a minha profissão dia a dia. Acredito que se trabalharmos sério, com determinação, amando o que fazemos, alcançamos os resultados. Hoje tenho muito mais do que sonhei ter quando comecei minha carreira.

*Como surgiu a ideia de fundar o Teatro Lala Schneider, que foi o primeiro teatro de iniciativa privada de Curitiba?

Sempre quis ter meu espaço. Sempre achei que os espetáculos ficavam pouco tempo em cartaz aqui em Curitiba. Sonhava, desde o começo, com um espaço cultural, que pudéssemos viver de teatro. Isso parecia um sonho na época. Muitos me chamaram de louco! Mas o tempo mostrou que eles estavam errados. Quando fazemos a coisa certa, os resultados podem ser alcançados.


*Como radialista, ator, dramaturgo, produtor, diretor teatral, escritor de peças e empresário, tem experiência ampla no mundo do teatro. Em qual desses trabalhos se sente mais confortável, com maior liberdade de criação?

Acho que em todos. Faço com prazer. Gosto das áreas que atuo. Sempre gostei. É claro que as funções artísticas dão mais prazer. Ser empresário e produtor nesse país cheio de encargos é uma tarefa quase que impossível.


*Que tipo de obra teatral prefere atuar ou dirigir: musical, humor, drama, terror, infantil, ou outra em especial?

Não tenho essa preferência. Faço o que tiver que fazer. É claro que determinados trabalhos dão mais prazer que outros. A preferência está diretamente ligada ao que queremos dizer com um trabalho! Existem projetos, acalentados há anos, que nos fazem mais felizes. Mas amo todos, como filhos!


*Fiani, na sua opinião, que tipo de personagem exige uma maior concentração e mais trabalho por parte do ator?
Todos. Fazer teatro exige acima de tudo RESPEITO com a plateia. Estar em cena é uma grande responsabilidade! Fazer bem feito, qualquer coisa, precisa de concentração e trabalho!
Fotografia de Isabel Furini tirada em 2009
*Como diretor de teatro e produtor o senhor realizou diversas escolhas de peças teatrais. Qual é o elemento principal para essa escolha?

São algumas situações determinantes. Mas a principal é o que QUEREMOS falar! O que desejamos discutir, propor, questionar. Os melhores trabalhos são frutos de uma vontade imensa de levar alguma informação para quem nos assiste. Seja ela qual for!


*Alguns consideram que com o surgimento da internet o teatro perdeu espectadores. Na sua opinião ela afetou negativamente o Teatro? De que maneira?

Afeta! Afeta e muito! Hoje as pessoas estão permanentemente diante dos tablets, dos smartphones... O Teatro fica em segundo plano, infelizmente. É difícil até para o espectador largar o celular durante as apresentações. A sociedade está DOENTE. E as artes ainda vão sofrer muito com essa patologia.


*Qual  sua visão da posição do Teatro em nosso Estado? Existe um público fixo, cativo? Esse espaço cultural é valorizado pelo povo? Acredita que os jovens gostam de assistir peças teatrais?

Vou ampliar essa análise em termos nacionais. O Brasil sofre com ausência de público. Os teatros estão vazios. As pessoas se afastaram do teatro. É claro que algumas peças – de alguns atores GLOBAIS, de youtubers e grupos ligados a Internet – levam PUBLICO ao teatro, mas são minoria. Os espaços culturais sofrem muito. Muitos estão fechando portas. Os jovens se afastaram da cultura na sua maioria. O quadro é triste. E a doença da INTERNET é a causadora!

*Fale-nos de alguns de seus projetos na área da Cultura que trouxeram (ou trarão) benefícios para as Artes (Teatro, Música, Dança, Cinema, Literatura, Artes visuais, ou outras).
Fica difícil falarmos de nosso trabalho! Enaltecermos o que fizemos. Mas muitos dos meus espetáculos tocaram as pessoas, fizeram rir, chorar, emocionar, pensar... Quando subimos num palco, estamos vivendo e fazendo arte. Perpetuando a vivência artística, que faz o SER HUMANO ser mais inteiro. Completo!

*Qual seria o seu conselho para os jovens que estão dando os primeiros passos no mundo do teatro?

Sejam felizes. O TEATRO é a arte completa que nos completa e nos torna melhores. Fazer teatro é um constante AUTO-CONHECIMENTO. E quanto mais nos conhecemos, mais felizes podemos ser. Vivam a arte com intensidade, com alegria, com amor... O TEATRO é único e nos torna únicos!

Entrevista realizada por Isabel Furini.


                                                                   João Luiz Fiani

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