Jandira Zanchi: Extensão e outros poemas

CONSCIÊNCIA


tão leve quanto a cauda da lua
é o trânsito amargo amarelo
fênix e vasto  da sua ausência

absinto de alegria vê-la vergada
branca e nua
sem o diáfano azul de suas sombras
ampliando o corredor dos muitos dias
a varrer o vento e voar o sol

madrinha  de cânticos e estribilhos
límpidos e lívidos
- um princípio de consciência.

Jandira Zanchi

Obra da artista plástica Claudia Agustí

ORTODOXO

posso ouvir o solo - tão agudo -
violino em decrescente ponto de ebulição
levantado no arco e na arca
sonâmbulo e seco

sem crases e prolixos entraves
vagando pela arte e pela frase
maiúsculo vibrante ortodoxo

                                        . .......alongado na multidão    .........

Jandira Zanchi






EXTENSÃO


nuvens nostálgicas  de  um vigor maciço nesse
horizonte  de reticências...

se enfileiram as tímidas vogais da despedida
meio rasgadas e certamente corrompidas
dos lamentos incoerentes
amassados rasgados despudorados e sem véus

sempre reprovados nas mesmas cenas
cenários das estórias mal contadas
sem misericórdia das feras/vítimas
antagonistas alpinistas
e todos os istas e revistas
(que preguiça)
opróbrios  empurrados
de gerações e solventes
a enxurrada...

no sábado a noite pipoco uma pipoca
espetáculos rinocerontes de verdade

enquanto espio uma janela de estrelas
- aonde acumulo vazantes e sonhos –
na encruzilhada intuo o porto e o azul
de um mar eterno retorno e imagem

                                      o ar é fresco na extensão.

Jandira Zanchi




Jandira Zanchi é poeta e ficcionista, integrante do conselho editorial de mallarmargens revista de literatura e arte contemporânea.
Publicou Área de Corte(Patuá, 2016), Gume de Gueixa (Patuá, 2013), Balão de Ensaio (Protexto,2007) e o livro virtual A Janela dos Ventos (Emooby, 2012).

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