Júlia da Costa - texto de Isabel Sprenger Ribas


Arte Digital de Isabel Furini
Necessário é que se divulgue, que se alardeie, que se difunda cada vez mais o nome de Júlia da Costa.
Já foi sim, e bastante, reverenciada por inúmeros grupos que se atém à Cultura e ao interesse pela História das Letras em seus locais de origem, em especial o Estado do Paraná e de Santa Catarina, na Região Sul do Brasil.

Seus dados aí estão, expostos para serem pesquisados; companhias teatrais levaram e levam sua figura lendária à emoção das plateias quando desnudam a vida de Júlia; ela é, sim, uma mulher à frente de sua contemporaneidade e chega a nossa, ultrapassando o Tempo...sua história nos passa isto!

Em 1871 ela casava com o Comendador Francisco da Costa Pereira. Era um casamento de conveniência, por interesses e imposição da família. Homem muito mais velho, décadas mais, em muito diferia do espirito indômito e sonhador de Júlia.

Antes de casar, Julia se apaixonara por Benjamim Carvoliva. Ainda que cinco anos mais jovem que ela, despertou amor violento em Júlia, que se envolvia com sua verve e os seus magníficos versos.
A este amor grandioso, na época, Carvoliva parecia retribuir em idêntica intensidade.

Contam-nos as pesquisas sobre o casal de amantes, que assim se amavam pelos versos mutuamente dedicados e que eram colocados em inusitados locais, esconderijos vários. Mencionam as pesquisas, que seriam em locais como troncos ocos de árvores e ou vãos de janela quase inatingíveis.
Com o casamento que em nada satisfazia à Júlia, não cessaram os poemas e as cartas de amor, às escondidas. Em uma delas, ressaltam-nos os fatos levantados, ao propor a Carvoliva que fugissem juntos, ele se evadiu e passou a evitá-la de todas as maneiras. Casa-se, logo em seguida com jovem adequada à sua idade Júlia, decepcionada, prossegue sua vida matrimonial. Não desencanta, absolutamente, ao seu nobre marido, fazendo as honras da casa e se impondo como dama de sociedade, demonstrando sua personalidade na escolha de roupas absolutamente exóticas e pessoais e tornando-se, com isto, figura ímpar no cenário de uma pequena cidade catarinense.
Morre seu marido.

Evadido, há muito o amante querido, Julia se enclausura e passa a viver só para a sua amarga solidão.
E surge a questão maior desta vida. Até que ponto a alma de uma mulher foi subjugada pela interveniência de uma família, de uma sociedade e de dois homens, que cada um ao seu modo demonstraram o seu egoísmo em relação aos sentimentos desta mulher?

Fica a pergunta para um futuro onde mulheres e homens recebam os mesmos direitos, salvaguardados apenas as suas evidentes e necessárias diferenças...

Texto de Isabel Sprenger Ribas
AVIPAF
CADEIRA: 12
PATRONESSE: JÚLIA DA COSTA

Isabel Sprenger Ribas



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