Jandira Zanchi: Calçadas - e outros poemas



CALÇADAS

poentes do dia
alvissareiros
meigos navios
aportando
nas vagas calçadas
do horizonte.

Jandira Zanchi



DIÁSPORA

luminescências, esses cristais
pálidos e gélidos
perfumados de manhãs
sem gritos e odores

apressados de outonos e altares
são um porto branco
e sem encruzilhada
um condor de fartas plumas
........................envergado o canto e sua diáspora.


Jandira Zanchi






DECIMAL

pequeno
insólito?
movimento mareado
de uma verdade quântica
permeável
permissiva

rosa andaluz
audaz no centésimo
essa decimal de tempo
(eu ou você).

Jandira Zanchi
Arte Digital de Isabel Furini
RUNAS

movida por algumas dunas
farei hóstias e lembretes
de senhora distante e febril
acamada em óleos videntes
pecados sem caminhos
rotas em runas e ruídos, rachaduras,
marés esquálidas - quase ser.

Jandira Zanghi


LIMIAR

todas as terras e seus rebanhos
já não tem deuses
ou armas
augúrio pertinaz de sólida transparência
águas sem profundos
afundadas até o limiar
azul armado
da chegada (por aqui remos e bestas e flores, anunciados).

Jandira Zanchi


QUÂNTICA

almejo alvo e alvará nesse sólido e arrependido
ciclo cravejado de esmeraldas entre laços entrelaçadas

(estilhaços famintos de dor e duelos de máscaras
nesse covil de almas astutas de impertinências)

vinculados ao gado são os sacrifícios – se fecham em vapores diversos de energia e quantas quantificados de massa bruta e corada atitude por frente – sem dano –
enquanto desnudos de dignidade e vida encompridamos nossa sorte
e seu amolecido azar nessa crueldade ciente conivente amaldiçoada
apertando com vigor e vivacidade o cair da tarde
parâmetro e alento de densidade (neblina, medida quântica)

vaporizadas nossas vestes e seu escultor.

Jandira Zanchi


Jandira Zanchi é poeta, ficcionista e editora. Publicou Balão de Ensaio (2007), Gume de Gueixa (2013), Área de Corte (2016), A Janela dos Ventos (2017) e Egos e Reversos (2018).



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