Jéssica Iancoski: Poemas



O Lago das Carpas

A vontade escarpa
E salta
Ligeira do fundo do lago do intimo.

O sopro é lisonjeiro.

Tem o cheiro da alforria
Das cerejeiras azuis do japão
Plantadas em um vazio qualquer
De Bonsai.

O sopro sai
E pausa o ócio
Num instante de ar puro:

Queria ser a tilapia
Nas límpidas arpas
Do barulho das águas.

A conformidade dos dias
Prende as nadadeiras,
Poda as flores
E pousa no apuro

De tantas promessas antigas
Que não podem mais ser desfeitas.

Jéssica Iancoski



*



Ervilha Vermelha

Ontem me perguntaram se eu era uma menina
E eu não soube responder
Esse inferno de pergunta.

Não porque eu não seja mulher,
É que as vezes eu sou tanta coisa:

Uma garota,
Uma amante
Uma gota,
Um semblante,
Um inverno
Um menino,
Um pingo
E um girino,

Um giro de roda
No vento leste que sopra
No ponto final de cada esquina.

Uma menina é pouca coisa
Pra me definir
Quando eu sou tantas outras
Entre cada ervilha vermelha
Do interno do punho em meu ventre.

Jéssica Iancoski





Linha Do Mar

Em cima da linha do mar,
A menina dentro da mulher
Se equilibra centrada no balanço

O vento da alma
Balança
Sopra,
Mas não levanta,

Nenhuma onda
No azul sereno do entardecer,
Fendas profundas a se recolher

Jéssica Iancoski 



 

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