Maria Teresa Freire: Considerações sobre como responder a uma entrevista

 

CONSIDERAÇÕES SOBRE COMO RESPONDER A UMA ENTREVISTA
Por Maria Teresa Freire

    Ao ser convidada para uma entrevista, você se sente envaidecida. Afinal, seu trabalho, sua criação, sua produção se destacam e merecem um momento especial. E você diz a si mesma: responder a essa entrevista será simples. Na realidade, só parece simples. 


As perguntas demandam respostas que sejam do domínio da entrevistada. Entretanto, esse texto não será somente para duas pessoas. Várias pessoas o lerão. Quiçá, muitas! Portanto é necessário pensar que aquilo que você responde deverá conter uma informação clara, concisa e de interesse para os leitores (e/ou ouvintes), descartando comentários e opiniões próprias que não se relacionem com o tema principal. 


Tenha em mente que o processo de comunicação engloba a recepção, esta ultima designando as relações que se estabelecem, neste caso específico, entre os leitores, os ouvintes e a entrevista respondida. Os receptores de um texto são considerados ativos, podendo usar o recurso comunicacional de várias formas, seja de simples consumo a um uso social mais relevante. O leitor (e/ou ouvinte) não é um receptor passivo do texto. Sua recepção é um processo ativo, em que há negociação em torno da significação. É preciso que se entenda como o leitor, o público em geral, recebe e decodifica as mensagens recebidas, pois são pessoas com contextos culturais diferentes. 


Igualmente, suas respostas serão interpretadas de acordo com as competências e o universo cognitivo de cada um. Não dê espaço para a ambiguidade. Explique de maneira simplificada o que lhe foi perguntado. Para evitar interpretações errôneas sobre o que foi mencionado. Ao informar, você pode criar um elo com o leitor (e/ou ouvinte), podendo apreciar e concordar com suas respostas. Pode, inclusive, discordar, porém reconhecerá a fundamentação na explanação oferecida. Talvez, compartilhe a mesma visão sobre o tema.


A entrevista foi estruturada para que obtivéssemos mais dados sobre uma pessoa, um fato, uma situação ou outro elemento. Em vista disso, crie uma narrativa interessante, talvez envolvente e, sobretudo, completa. Fuja das informações que todos conhecem, das resumidas em excesso: “não sei”, “não acompanhei o fato” ou respostas monossilábicas como: “não”, “sim”, “talvez”, entre outras. Que esclarecimentos advêm destas respostas?


Quando a entrevista for via áudio, ou presencial, tente saber quais serão as perguntas ou o que elas abordarão. Caso isso não seja possível, responda com calma, repita a pergunta, mais ou menos assim: “então você quer saber minha opinião sobre ...” esta estratégia dará tempo para você pensar em uma resposta mais adequada ou que não lhe comprometa.


A atitude mais sensata em relação à entrevista, cujas perguntas você possa ter acesso com antecedência, é realmente considerar cada pergunta e estruturar as respostas cuidadosamente, escolhendo o melhor ângulo (aquele que seja coerente para o leitor e/ou ouvinte) para ser apresentado. Se você for personagem conhecida, ofereça novidades para que não haja desinteresse. Caso seja desconhecida, dê depoimentos completos e coerentes, porém simples, para compreensão inequívoca.


Lembre-se sempre que seu texto será lido e/ou ouvido, servindo de conhecimento, esclarecimento, informação ou até como entretenimento. De qualquer forma, suas palavras poderão ter influência positiva ou negativa em quem a lê ou ouve. Igualmente, é divulgação do seu trabalho, atividade, atuação, opiniões. Faça o seu melhor!  Boa entrevista!

                                           Maria Teresa Marins Freire

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