Carla Ramos: Ode ao Ser Feminino

 



Cada vez que nos referimos a uma mulher como "Aquela Deusa"!
Estamos apenas repetindo algo que ocorreu tempos atrás.Na antiga história da humanidade, onde as mulheres faziam parte da Grande Deusa.
Sendo mais ligadas à sua natureza feminina.
Eram donas de si, de seus mais profundos desejos.
Viviam em grande harmonia com seus ideais.
Perseguiam suas metas, escolhiam seus objetivos.
Buscavam conhecer mais a natureza:
Os ciclos da Vida, o nascimento e o cultivo.
A fertilidade e a colheita. O poder e a compreensão de sua essência.

De repente, Ela, a Deusa, foi desapropriada de seu significado.
Menosprezamos a sua feminilidade. E agora...
Envergonha-se da sensualidade;
Questiona-se a capacidade;
Desconfia-se da fertilidade;
Negam-se os desejos.
Desconhecemos os nossos poderes.

Assim, todas nós somos e temos Deusas em potencial
a serem desenvolvidas dentro de nós, mediante:
a escolha de nossos objetivos,
ao perseguir nossas metas,
ao cultivar nossas idéias,
à colher nossos desejos.
Ao harmonizar, novamente, a nossa essência feminina.

Heraldic Panel with the arms of the Eberler Family -Swiss -1490
Getty Center - Califórnia, USA - Fotografia de Isabel Furini

Nesta revista especialem celebração ao dia da Mulher. Questiono como será: Ser Lunar nesse Mundo Solar, atualmente?

Para responder essa questão remete-se a época do culto do feminino da Grande Deusa, em nós:

Pois, desde épocas antigas, nós, mulheres, Seres Lunares, somos chamadas assim, por sermos regidas pela Lua. A Lua rege os líquidos, os fluxos, as emoções, a maternidade, a segurança, a alimentação, o estômago, os seios, as marés, e também, as nossas marés internas: o ciclo menstrual, e as oscilações de humor. O eterno fluxo: a infância que é substituída pela adolescência, a jovem à condição de mulher, a gestante à mãe. Ainda inclui a menopausa, que essa maré interna cessa e começa outra fase na vida da mulher.

O Culto à Deusa Lua foi outrora à religião dominante em todo mundo. Ela tinha várias faces: Diana, Ártemis, Hécate, Lilith (a Lua Negra, a essência do primitivo feminino em nós) A Deusa era objeto de culto, ritual e sacrifício. As mulheres lhe faziam oferendas para garantir a fertilidade e o bom parto.

Algumas vezes a Lua representava a Grande Mãe acolhedora, em
Outras, a Destruidora. A condenação de “bruxas” à fogueira na época Medieval foi à última destruição imposta ao Culto à Deusa.

Assim, inicia a conversão ao patriarcado, a um Deus Sol e a um Mundo Solar. O Mundo Solar tem a ver com a maneira que a sociedade valoriza o sucesso, resultados e progressos imediatos, em prejuízo de emoções, instintos primitivos e necessidades pessoais. Demonstra como a vida cotidiana na atualidade exige a repressão do lado lunar de outrora, de nosso lado feminino.

Porém, o Lado Feminino mesmo reprimido não deixa de existir, como muitas de nós gostaríamos de acreditar. Ele é sufocado em prol de uma aceitação neste Mundo Solar competitivo, somente ao ser utilizado nos papéis atribuídos socialmente às mulheres como: Mãe, Esposa e Filha. A diferença da interioridade feminina – Ser Lunar ou da Loucura – Ser Lunático se dá devido ao nível de contato que cultivamos diariamente com o Mundo Interior.

Quando promovemos uma separação entre nós mesmos e nosso íntimo – ao fugir dos sentimentos e ao ignorar a intuição – eles se tornam pouco familiares e ameaçadores, ao parecer até se estar próximo à Loucura Lunar. Issoocorre quando se abandona e não se cultiva o nosso Eu Interior, não se analisa mais e só se vai jogando mais material para dentro ao acaso. Nosso Mundo Interior se transforma num armário bagunçado e abarrotado. Somente com a limpeza e a organização do armário interior se recupera o equilíbrio de nossas vidas emocionais.

Nosso Lado Feminino reprimido, na maior parte do nosso cotidiano é, muitas vezes, esquecido e negligenciado por nós. E como não se tem consciência dele, ele não se apresenta de uma forma verbal e racional, nos falando do que precisa, mas sim, se utiliza do subterfúgio do corporal, ao psicossomatizar, ao falar através de nós, ao marcar sintomas em nosso corpo. Não é de se estranhar o aumento sensível de doenças ligadas aos órgãos femininos, bem como a depressão, ansiedade e pânico, que atinge um grande número de mulheres

Atualmente, nesta época sombria da pandemia mundial em que vivemos. Podemos concluir que é o lamento da Lua querendo ser ouvida, ao ser atendida em sua essência feminina reprimida, nesse cotidiano Mundo Solar. 

 


Escritora, Poeta e Atriz. Apresentadora do Programa “Alkimia do Ser”, Mestre em Teoria Literária UNIANDRADE/PR, Psicóloga Junguiana especialista em Marketing e Propaganda.



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