Poema de Rosani Abou Adal: Natal remoto



Natal Remoto
Rosani Abou Adal

Fraternidade solitária,  
a mesa vazia de fragmentos natalinos.
Os sonhos transcendem o espírito humanitário.
O pedido do Papai Noel em espera
acalenta os sonhos e a fome.
Inúmeras entregas de brinquedos
com controle remoto, de robôs,
drones, tablets, androides, notebooks,
videogames e até de um Monopoly de ouro.
Por que seu presente nunca foi entregue?
Ficou na memória da sua imaginação.
Queria apenas uma galinha
para botar ovos todos os dias,
o alimento sagrado da sua família.
Pedido secundário:
Arroz, feijão e abobrinha.
Papai Noel de certo estava surdo e cego.
Jamais poderia ouvi-lo ou vê-lo
no Polo Norte.
A ceia natalina em farelos
devastando a fome,
alimentando seus sonhos anêmicos

 


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