Solange Chemin Rosenmann: Halloween - Fantasia e Goluseimas em Multicultura


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Elvira gostava da brincadeira. Sempre era a mais animada. Dizia que tudo era coisa de criança mimada, que adorava usar fantasia. Começava preparando a festa, chamando todos para uma importante reunião de família. Alguns se assustavam, pensando que será que aconteceu. Outros se animavam só de pensar em encontrarem-se com os primos e os tios, que a tempos não viam.

Dias antes, Elvira, sempre muito organizada, pensava nos detalhes e combinava tudo, para um adorável clima de brincadeiras e guloseimas. Sabia que além da algazarra dos encontros o que tudo mundo queria era dar muita risada.

Resolveu começar a reunião num jantar à luz de velas. Coisa que a criançada não estava acostumada. E em silencio, passo a passo entre um converse danado resolveu cochichar de orelha a orelha, como um telefone sem fio, pedindo para ninguém largar a mão. Antes de ir para a mesa, decidiu distribuir as fantasias. Pediu para cada qual, meio que pé a pé e sem largar as mãos, fosse para a varanda. Lá, diante de um imenso varal, encontravam-se penduradas as fantasias. Que bailavam, e pareciam flutuar, todas sem fundamento.

O marido da Elvira foi aos poucos acendendo umas tochas, para dar um clima fantasmagórico, que deixava as roupas do varal como sombras imensas. Elvira comentava, não larguem as mãos são os fantasmas da festa. Ninguém largava as mãos, meio arrepiados de medo. Vai que algum fantasma chega perto e te pega.

Elvira sabia que tudo era brincadeira de assustar e arrepiar, o que ela não sabia é que os tios fizeram uma outra contação. Trouxeram para a brincadeira a lembrança de uma paixão. Que contava a história do lençol branco e da capa preta.

Não é, que em pura ilusão, apareceu na janela o lençol branco e a capa preta. Vieram caminhando com um enorme pacote, que logo pendurarão na corda que vinha do céu. Coisas do marido da Elvira, que contribuí com a brincadeira e que preparou o saco de pancada para as crianças alcançarem com a vara, espalhando pelo chão toda a guloseima.

Elvira sabia fazer a festa. Estava sempre preparada e começava contando que havia uma história de paixão. Tal história começara num dia de chuva forte, quando as guloseimas não puderam ser apanhadas pelas crianças, nas casas da vizinhança e os adultos fizeram a festa com o que havia na casa. Ela, só não esperava que um dia o lençol e a capa surgissem em sua festa.

Mas, para alegria e, sem confusão todos largaram as mãos e foram catar os doces, ai combinaram, que na próxima festa, no halloween, as fantasia não seriam compradas mas feitas pelas próprias crianças com um lençol e uma capa. e que as crianças iam fantasiadas, sem largar as mãos, na vizinhança pedir doces ou trapalhadas, para apanharem os doces. O que foi combinado aconteceu.

O que ninguém esqueceu é que desta vez não foram compradas as fantasias, cada um preparou seu lençol ou sua capa e para saúde geral, no dia seguinte ao Halloween, todo doce ganho foi repartido com as crianças do abrigo. Aquele onde os refugiados de tantos outros lugares habitam. O que poderia ser uma alegria apenas daquele grupo de amigos foi experimentado também com aqueles que ainda nunca tinham vivenciado tal experiência.

Elvira feliz, agradeceu o que naquele dia aprendeu, um novo jeito de brindar com doce e diversão a vida.

Solange Chemin Rosenmann 
Escritora e especialista em Arte

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