Bia Tarachuka Gonçalves: Grandes Personalidades da História do Teatro pelo mundo

 Montagem da peça “Vestido de Noiva” em 1943 - Reprodução fotográfica de Carlos Moskovics


O mundo teatral está repleto de grandes dramaturgos, autores, atores e diretores que deixaram sua marca de forma significativa. São muitas as referências que encontramos ao fazer uma breve busca através dos registros históricos do teatro mundial. Essa arte, surgida na Grécia Antiga, nos traz nomes como Eurípedes, Sófocles, Ésquilo, Aristófanes.

Sófocles, o autor da grande e tão conhecida história de Édipo Rei (que já foi encenada, adaptada para o teatro e até mesmo para a TV, satirizada e reverenciada por muitos historiadores teatrais), escreveu muitas outras tragédias que também marcaram o início dessa arte. É incrível pensar que esse autor, que viveu há tantos anos atrás (a.C), ainda tem suas peças lidas, estudadas, encenadas e serve de referência para inúmeros artistas. Na Poética, de Aristóteles, a história de Édipo Rei, o homem fadado a matar seu próprio pai e casar-se com sua mãe, é considerada o exemplo mais perfeito da tragédia grega.

Muitos anos após o nascimento da dramaturgia teatral como a conhecemos, temos relatos de inúmeros autores e teóricos que deixaram seu legado na história. Um deles é Constantin Stanislavski, escritor, diretor e ator russo, se aprofundou na criação do método teatral mais utilizado até hoje, onde o ator deve conhecer a fundo seu personagem para que este seja interpretado com total realismo e naturalidade.  Stanislavski nos deixou como legado uma série de livros contendo seu método para o estudo e compreensão do ator, e de quem mais possa se interessar. As obras traduzidas para o português são: “A Preparação do Ator”, “A Construção da Personagem”, “A Criação de um Papel”, “Manual do Ator” e “Minha Vida na Arte”. O consagrado ator Charles Chaplin disse sobre Stanislavski:
“O livro de Stanislávski, "A preparação do ator", pode ajudar todas as pessoas, mesmo longe da arte dramática”.

Antonin Artaud, criador do Teatro da Crueldade, nos deixou um legado que quase não viu colocado em prática enquanto ainda estava vivo. Foi considerado louco e internado diversas vezes em manicômios franceses, mesmo assim, não desistiu de expor suas ideias surrealistas. Para ele, o trabalho do ator não deveria ser só o de interpretar um texto, mas sim de senti-lo e fazer com que o espectador o sinta também, não havendo distâncias entre o ator e a plateia. Segundo Artaud:
“A tragédia em cena já não me basta. Quero transportá-la minha vida. Eu represento totalmente a minha vida. Onde as pessoas procuram criar obras de arte, eu pretendo mostrar o meu espírito. Não concebo uma obra de arte dissociada da vida”.

No Brasil, vários dramaturgos também deixaram seu legado. Quem nunca ouviu falar de Nelson Rodrigues, Chico Buarque, Luís Fernando Veríssimo, Ariano Suassuna, dentre tantos outros?
Nelson Rodrigues, por exemplo, renovou o teatro brasileiro ao se voltar para a realidade de cunho psicológico com sua peça “Vestido de Noiva”, que foi aos palcos pela primeira vez em 1943, sob a direção de Ziembinski, marcando o surgimento do teatro moderno no Brasil. A peça divide-se em três planos: o plano da realidade, o plano da alucinação e o plano da memória, e até hoje é considerada forte por sua linguagem e forma de abordagem do tema. Mesmo assim, suas obras continuam sendo montadas com grande frequência por grupos de teatro amadores e profissionais. Nelson Rodrigues ainda é um dos dramaturgos mais discutidos e influentes do Brasil, acredito que, em grande parte, por trazer tantos assuntos polêmicos e personagens sórdidos tal como a sociedade apresenta na vida real.

Montagem da peça “Vestido de Noiva” em 1943 - Reprodução fotográfica de Carlos Moskovics

É importante ressaltar que temos muitos grandes nomes da dramaturgia brasileira que ainda estão entre nós, escrevendo suas histórias e deixando sua marca, aprendendo e ensinando. Dentre eles, irei citar o dramaturgo, ator, diretor, iluminador, cenógrafo e produtor teatral João das Neves, com quem tive o prazer de participar da Oficina “Análise do Texto Dramático” no ano de 2013, ofertada e ministrada por ele em Curitiba, em que discutimos a construção do texto dramático com base em peças sugeridas por ele, inclusive a peça “O Último Carro”, de sua autoria, e pudemos conhecer um pouco mais sobre sua história de vida. João das Neves é um dos formadores do Grupo Opinião, o primeiro coletivo a engajar-se na luta contra a ditadura militar brasileira, ao lado de Ferreira Gullar, Antônio Carlos Fontoura (ambos ainda vivos), dentre tantos outros nomes importantes da dramaturgia brasileira. Sofreu com a censura e com perseguições, mas continuou e continua firme na luta pela liberdade de expressão. Hoje, com 81 anos, dá continuidade em sua história, escrevendo e dirigindo peças, ministrando oficinas e compartilhando seu conhecimento para incentivar os grandes dramaturgos que ainda estão por vir.

Em suma, a história do teatro mundial nos traz inúmeras personalidades, métodos, teorias, práticas e um acervo gigantesco de obras primas para serem lidas, estudadas, discutidas e apreciadas por quem se interessar em conhecer mais sobre essa arte que move tanta gente ao redor do mundo todo.
 Oficina ministrada por João das Neves no Teatro Guaíra em Curitiba – Foto: Acervo pessoal.


Comentários

  1. Muito obrigada por ceder o espaço para expor minhas vivências e aprendizados nesse mundo artístico e cultural tão vasto e incrível!

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    1. É um grande prazer poder ceder este espaço...
      Compartilhar arte e cultura sempre é um prazer...
      Grande Abraço

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