O que restou de nós
perdeu-se entre o machado
e o sândalo. No
prisma que enlaça
nossas estações.
Uma fenda se abriu
nos lábios, ante
o vaso partido
e um desejo
que nos chama
para depor.
Fingi que meu cio
fosse o alimento
para teus leões domados;
sonhei que teu néctar
fosse o orvalho
para a cidade em chamas.
E dormi sob o vento
e a noite ferida de raios.
Havia m punhal entre as flores!
SALGADO MARANHÃO
(Do livro "Ópera de Nãos")
O cais está aberto
ao anagrama
dos teus pés. teus
pés recorrentes
ao sal e à maré. Porém
há uma manhã de seda
que te desenha miragens
no semblante. E
há vestes rubras
que te aguardam
nos espelhos. Tu
és o vento
que acorda a memória
e o velame dos barcos.
De onde te busco,
só ouço a cidade
rugindo metais.
Não te perdi
para os astros convulsos,
nem para o fauno
que desacata o amor,
te perdi para mim.
SALGADO MARANHÃO
(Do livro "Opera de Nãos")
Fotografia de Ricardo Prado |
É compositor-letrista e possui mais de 50 músicas gravadas por vários artista de renome, entre eles Ivan Linch, Elba Ramalho e Paulinho da Viola. Em 1978 participou da Antologia Ebulição da escrivatura -Treze poetas impossíveis (Ed. Civilização Brasileira, 1978, RJ). Seus poemas já foram traduzidos para o inglês, alemão e outros idiomas.
Publicou pela editora 7 Letras as obras:"O Mapa da Tribo e Avessos Avulsos. Em 1998, ganhou o prêmio "Ribeiro Couto", da União Brasileira dos Escritores (UBE), com o livro O beijo da fera. Em 1999, seu livro Mural de ventos, foi o vencedor do Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, dividido com Haroldo de Campos e Geraldo Mello Mourão. Em 2016, recebeu novamente o Prêmio Jabuti, na categoria Poesia, com o livro Ópera de Nãos, editora 7 Letras.
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