Ivone Gomes de Assis - Quero - e outros poemas


Cor Tina velha
Memória pendular
Desbota meu chão
(Ivone Gomes de Assis)

Arte Digital de Isabel Furini
QUERO

Quero, na aquarela de cores,
Pintar minha memória
Mais tarde, entre saudades e flores,
Narrarão minha história

O tempo é biografia
O artista é fragmento
A canção é alegria
A vida é fundamento

Quero colorir mente e coração
Ser flor de maio ou de Primavera,
Fazer uma prece, com devoção,
Pela a alegria que me espera.

A arte é sensibilidade
O trabalho, dedicação
A conquista é criatividade
O amor, emoção

Quero garimpar cores
E de palavras montar minha resistência.
Quando vierem as dores,
Saberei lidar com resiliência.

É tolice odiar
A mágoa é loucura
É insano não se doar
É morte, a palavra dura

Quero, nas minúcias do amor
Ser vida no campo
Ter cheiro de flor
Quero apagar o meu pranto

Sorrir para a vida
Rir-me da morte
Sarar minhas feridas
Abraçar com a sorte.

Quero abraçar os amigos
Fazer poesia sob o canto do passarinho.... Quero,
Se acaso tiver, perdoar os inimigos,
Para ter a alegria que espero.

Quero espantar a malquerença
Quero ser feliz por onde eu for
Quero dormir na benquerença
Quando o meu sol se por.

Ivone Gomes de Assis



Frutos do nosso ventre

Grandes homens fizeram a história,
Milhões de mulheres, queimadas.
Grandes homens fizeram a política,
Milhares de mulheres, incineradas.

Grandes homens marcaram a memória,
Centenas de mulheres, apagadas.
Grandes homens escreveram a literatura,
Dezenas de mulheres, copiadas.

O homem fez a Ciência.
A mulher fez o homem,
Numa mescla de amor e paciência.

Ela arrisca-se por um novo ser.
Menina. Menino. Bicho-homem.
O que será? Não se pode saber.

Ivone Gomes de Assis
Uberlândia (MG) – Brasil.

Comentários