Reinoldo Atem: Poemas

Poemas extraídos do livro de Reinoldo Atem: Pô...  Poeteu  Poeteco  Poerótico (inédito)

Os homens são conduzidos
como os cavalos e os bois
que seguem sempre levados
por vãs promessas de arroz.
O trem apita na estrada.
Não sei de onde ele vem.
Não sei para onde ele vai.
Só sei que quero ir também.

***

O céu e o inferno existem
para enganar o plebeu,
controlando o povo humilde
para ele fazer como eu.

Quadro "Disgregándose en la Arena" da artista argentina Claudia Agustí


Deixei cair pelos dedos
o que eu não soube reter.
Agora fico calado
sem saber o que fazer.

***

Agora, não perco tempo
pensando na vida ingrata.
Pego logo de um poema
que é a coisa sensata.

***

Vou acima, vou abaixo,
um curioso no mundo.
Achando que vai dar certo
o que a gente faz junto.


***

Melhor é sair pelo mundo
atrás de uma outra jornada,
ampliando as opções
como quem vive na estrada.


Reinoldo Atem




REINOLDO ATEM, declaradamente curitibano, nasceu em 1950, no Piauí, morou em Londrina e em São Paulo. A sua poesia guarda as imagens de uma Curitiba sem os delírios de modernidade. Como consequência, seus melhores poemas não pagam o tributo para o verso curto ou para a modernidade epidérmica. Muito pelo contrário, os seus bons poemas são longos, bem articulados e revelam o domínio da macroestrutura da linguagem.
Publicou a novela “1971, no Auge da Repressão”,  Editora Beija-Flor, Curitiba, 1978. (Reeditada em 2014). Foi um dos fundadores e editores da revista Outras Palavras (1978) e da revista de criação Zé Blue (1980). Participou das coletâneas: 4 Poetas - Editora Cooperativa de Escritores, Curitiba, 1976; Tempos (poemas) Editora Pindaíba, São Paulo, 1976; O Conto da Propaganda, Editora Vertente, São Paulo, 1979; Assim Escrevem os Paranaenses, Editora Alfa-Ômega, São Paulo, 1977,  Sala 17 - poemas, Movimento Sala 17, Curitiba, 1978.

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