Paulo Pignanelli |
Paulo, você é arquiteto e urbanista de profissão, como foi o seu contato com a poesia?
Iniciei a leitura de poesia por Vinícius e Drummond, depois na juventude Maiakovski e Brecht, assim foi durante um longo período da minha vida. Há alguns anos escrevia só para mim, quando surgiram as redes sociais comecei a publicar alguma coisa e assim segui até chegar essa oportunidade com a Singularidade de publicar meu primeiro livro.
Ferreira Gular disse: “A poesia, como vejo, nasce do espanto”. Qual é a sua opinião?
Além do espanto eu diria que vem da delicadeza, ou mesmo da brutalidade do olhar que está na possibilidade do poeta poder olhar dentro, ou atrás das coisas-objetos, das pessoas e do universo social.
Qual é o seu caminho para a poesia? Você escreve quando está alegre, quando está triste, quando está zangado? Existe alguma emoção que o leva a escrever?
Muitas vezes da indignação, outras e muitas vezes da beleza que explode das coisas, das pessoas nos pequenos gestos, do humano desencontrado, fora das regras, das leis, os que estão à margem especialmente, me dizem coisas que os padrões, onde me incluo, não mostram.
Pode citar os nomes de seus autores preferidos e dizer o que o cativa quando está lendo uma poesia.
Começando pelo fim, diria que a poesia me atinge em cheio, é aquela que remete ao universo, ao inexplicável da vida mesma, os poemas que descobrem o incontavelmente humano de cada um, onde as palavras, essas dionisíacas flechas do conhecimento comparecem no estado bruto ou transfiguradas em seu sentido lato.
Quanto aos autores, na poesia, gosto muito de Orides Fontela, Wislawa Szymborska, Bertold Brecht, Maiakovski, ente outros tantos. Descobri por estes dias Ron Pagett, um poeta americano da maior importância, graças ao filme Patterson de Jim Jamurch. Na prosa, Lima Barreto, Luciana Hidalgo, Alberto Lins Caldas, João Ubaldo, Dostoievski e pretendo voltar a Guimarães Rosa.
Fale um pouco sobre os seus livros de poesia publicados.
Tenho um livro apenas publicado recentemente, Gosto de Osso, pela editora Singularidade de Jandira Zanchi, cujo trabalho me trouxe muita alegria, tenho um trabalho novo em andamento, mas que deve sair somente no próximo ano.
Qual é o processo de construção de seus poemas? Como você começa a escrever um poema? Espera a inspiração chegar ou é metódico e tem horário para escrever?
Funciono mais por pacotes de energia, digamos, fazendo uma pálida analogia com a física quântica, não tenho um método de trabalho normatizado, porém minha escrita acontece mais às noites, quando chego do trabalho diário, más já escrevi até em ônibus.
Borges falava que só necessitava uma palavra para começar a escrever. Qual é o sentido que desperta a sua sensibilidade estética e o conduz pelo caminho da escrita?
Em muitas situações ocorre assim, uma palavra basta para disparar o poema, outras tantas vezes são situações do cotidiano, um evento comum da natureza, construída pelo homem ou pelo universo
O que você espera dos leitores?
Espero que se interroguem sobre o que digo, que pensem sobre o universo, o des.sentido da vida.
Você escolhe o assunto para seus poemas ou escreve impulsivamente sem pensar em um tema especifico.
Não me prendi a temas até agora, não escrevo de forma impulsiva tão somente, construo os poemas, a partir de uma ideia ou impulso, e mesmo sobre a leitura de outros poemas.
Fale de seus projetos para o próximo ano.
Penso em participar de alguns eventos literários, concursos, saraus e lançar um segundo livro, que acredito terá poemas construídos com um rigor maior, acredito.
Entrevistado: Paulo Pignanelli - Entrevistadora: Isabel Furini
Obrigada por conceder essa entrevista, Paulo Pignanelli. Você é rigoroso no vocabulário e na construção poética. O seu livro é excelente.
O Paulo é um ótimo poeta, uma honra para singularidade mostrar seu trabalho
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