Quadro de Carlos Zemek |
Céu de barcas brancas e de luzes líquidas que sonham,
Céu no peito e na raiz,
No infinito que ama o amplexo do tempo,
Tocado pela matéria que vibra,
Que rompe a membrana do crepúsculo,
E encontra um ouro nunca nomeado,
Quanto pedras interiores (revivescer).
Tênue sopro da mortalha,
Esperando o ocaso, sonho (fornalha viva).
Aberto como um Lótus na lama sacra.
Andrey Luna Giron
*
A calma de pedras,
Nascimento de estrela em sono de pétala morta,
Treme ao vento, em poço memorial,
Quando o ar de uma dor vibra sutil a água,
Renasce ali a fera do inconsciente,
Tua massa de luz desnuda,
Teu vazio forjado (imanência),
Espera de palavras (sangues) em escorridas pedras.
Ressuscita a pétala, (pele do dia).
Transfigura ofuscante a noite de dores (tremeluzem),
Riste do olho,
Coração ígneo,
Pedra-cinza,
À luz do meio-dia supremo.
Andrey Luna Giron
*
Espera o beijo cúmplice
Do céu eleito em íris.
Acaricia cordial
Tua pele de luz tardia.
Alivia tua dor, punhal na escuridão.
Comunhões que explodem em universos,
(naves sagradas e orgânicas),
Dores de partos,
Punhais intocáveis de luz.
Há fornalhas brutais
Que noite e dia movem e renascem
Pela próxima paz.
Há mãos nos olhos (mantos) que colhem portais.
E há lágrimas que alimentam estrelas mortas,
Teus sangues escuros e intocados é que germinam sóis.
Andrey Luna Giron
Arte Digital de Carlos Zemek |
Teus olhos se derramam
Em mares (massa de asa - cinza invisível -
diamante revivido)
Começam depois da sua pele (relicário)
E se estendem
Colhendo as flores críveis,
E as luzes rudes,
Os frutos decompostos
Mães de purezas
No longínquo, como as eras
De vida, abismos e mortes
Todas ali navegando
Calma e tocando
Mãos de infantes e anciãos irmanados
Sutis e vetustas
Peles de lágrimas
Que evaporam existências
Colhida na matéria e espírito do olho adunco
(aberto e fechado)
Pós fecundos de luz e escuridão.
Andrey Luna Giron
Andrey Luna Giron, nascido em 1971 em Curitiba. Formado em Pedagogia. Publicou em 2009 o livro Cósmicas de poemas pela editora protexto. Faz palestras semanais em debates no Cineclube Espoletta do Museu Guido Viaro. Atua como maestro e compositor, tendo escrito para trilhas sonoras de cinema. Fez exposições de pinturas em diversos espaços em Curitiba. Proferiu palestras sobre música e filosofia em instituições de Curitiba como a Santa Casa e o Museu Guido Viaro onde ministrou cursos de História da arte, música e filosofia.
Tem um blog com suas pinturas, fotografia e composições musicais: andreylunagiron.blogspot.com
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