galáxia
cada estrela é uma palavra
palavras bem entrelaçadas
formam constelações
o encontro garboso
faz nascer uma espantosa galáxia
Jean Narciso Bispo Moura
O verbo
o verbo é um soldado insolente
ama a hábil rameira
que afia a sua faca
uivos saltam nus da escrivaninha
a palavra no verbo
o verbo na palavra
ui!
ai!
penetração nos lábios da boca
queixam-se como fossem delicadas coxas
a rameira recebe silenciosa
os berros retorcidos
da lâmina do verbo
Jean Narciso Bispo Moura
correio
eletrônico
eu não sou Carlos
e nem você Bandeira
suplico
que adormeça as geleiras
não somos sumidades no mundo das letras
brincamos de verso
quando às cinco da tarde
as nossas mães interrompem a brincadeira
Jean Narciso Bispo Moura
presságio
passando pelo cartório
cenas de outrora revivi
a noiva saltava
sacudida pela alegria
o noivo ocultava
a sua ilhada alegria
a noiva saltitava
exultando
com mãos dinamarquesas
e macias
eu passava
de carro pela rua
passava
trancado por esta rua
em quarenta e nove segundos
o relógio virou
a esquina
refleti no retrovisor
um museu íntimo
Jean Narciso Bispo Moura
Jean
Narciso Bispo Moura (1980). Poeta, natural de São Félix-BA e reside atualmente em
Suzano-SP. Estreou em livro no início dos anos 2000, com o título “A lupa e a
sensibilidade”, também é autor de “75 ossos para um esqueleto poético” (2005);
“Excursão incógnita” (2008); Memórias secas de um aqualouco e outros poemas
“(2011)” e “Psicologia do efêmero” (2013). Tem poemas publicados na Germina,
Blecaute, Antonio Miranda, Canal Subversa, Blog do Noblat etc. Está lançando
“Retratos Imateriais” pela Editora Singularidade, de onde foram extraídos esses
poemas.
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