Do Poente
...
erigir do tempo
pretérito leito
quedar_se em silêncio
de surda ausência
velar no céu da boca
estrelas mortas
com olhos de negar auroras
todos os dias
à sombra da palavra tempo
mentimos ter poentes
mas o sol
nunca se põe
nunca se oculta
nós é que o perdemos de vista
***
a cada dia
nos tarda um mistério
uma estrela embainhada
pelo fio do horizonte
acomete_nos de poente ilusão
sentir que temos os pés
fincados no chão
***
o poente
é essa irreprimível diáspora
cotidianamente
faz_me
desistir
de
morrer
***
a manhã se demorou tanto em mim
desdenhei de me haver tarde
essa tarde tarda a me deixar
vou me deitar na esteira do poente
dar luz à morte
quando a noite chegar
haverei de ser céu
Wanda Monteiro, escritora e poeta, é uma amazônida, nascida no coração da Amazônia, em Alenquer no Estado do Pará, Brasil. Reside há mais de 25 anos no Rio de Janeiro. Advogada e mãe de três filhos, nunca se afastou de sua vocação literária. Nos últimos anos, tem se dedicado exclusivamente à literatura, participa, como colaboradora, de movimentos de incentivo à leitura. Publicou textos poéticos nas Antologias Poesia do Brasil do Proyecto Sur Brazil, (volumes IX, XI, XIII, XV). Recentemente, realizou produção editorial, em parceria com Deolinda Nunes, da coletânea SETE Feminino de Luas e Marés que reúne 30 escritoras de diferentes regiões do Brasil
Publicou, entre outras obras, O Beijo da Chuva, Editora Amazônia, 2009, poesia; Anverso, Editora Amazônia, 2011; Poesia; Duas Mulheres Entardecendo, Editora Tempo, 2011, Romance escrito em parceria com Maria Helena Latini; Aquatempo – Sementes líricas, Editora Literacidade, 2016.
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erigir do tempo
pretérito leito
quedar_se em silêncio
de surda ausência
velar no céu da boca
estrelas mortas
com olhos de negar auroras
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| Arte Digital de Carlos Zemek |
à sombra da palavra tempo
mentimos ter poentes
mas o sol
nunca se põe
nunca se oculta
nós é que o perdemos de vista
***
a cada dia
nos tarda um mistério
uma estrela embainhada
pelo fio do horizonte
acomete_nos de poente ilusão
sentir que temos os pés
fincados no chão
***
o poente
é essa irreprimível diáspora
cotidianamente
faz_me
desistir
de
morrer
***
a manhã se demorou tanto em mim
desdenhei de me haver tarde
essa tarde tarda a me deixar
vou me deitar na esteira do poente
dar luz à morte
quando a noite chegar
haverei de ser céu
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| Wanda Monteiro |
Publicou, entre outras obras, O Beijo da Chuva, Editora Amazônia, 2009, poesia; Anverso, Editora Amazônia, 2011; Poesia; Duas Mulheres Entardecendo, Editora Tempo, 2011, Romance escrito em parceria com Maria Helena Latini; Aquatempo – Sementes líricas, Editora Literacidade, 2016.
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