As guelras do tempo
respiram
transpiram
infinitos sonhos
e os relógios moles
já nada registram
e em seu descontrole
derretem (derretem e choram)
choram as tristezas de todos os homens.
Isabel Furini
Arte de Isabel Furini |
Homens e mulheres ocultam a decepção
e brincam
como crianças travessas
à sombra da pequena pedra
do quadro
“a persistência da memória”
com máscaras bem construídas
ocultam a desilusão
esses homens e mulheres
são criadores
de uma novíssima civilização
:
a civilização da solidão.
Isabel Furini
INSTABILIDADE
O amorfo sonha e zomba da organização
sempre instável
de nossa civilização
tão flutuante quanto um pincel
experimentando formas e cores
(na proa
de um barco de papel).
Isabel Furini
Foto e Arte de Isabel Furini |
Esses relógios têm umidade de raízes,
insondáveis como fantasmas,
obsessivos,
compulsivos,
espiam constantemente.
A paisagem esculpe as janelas dos olhos
água de batismo umedece as retinas,
delata tempestades marinhas na escuridão do inconsciente.
A água salgada corre além das rochas,
esse mar, esse mar – quase uma gruta de sonhos.
O destino marca nossas horas – como os relógios moles de Dalí,
as horas do esquecimento e as horas vindouras
até que seja possível descobrir
(atônitos)
que as fatais formigas não mordem um relógio vermelho em um quadro,
elas mordem nossa subjetividade,
atacam nossa singularidade e devoram o queijo Camembert
(já derretido).
Isabel Furini.
Esse poema conquistou o 1º Lugar no Concurso de Poesia da Academia Campolarguense da Poesia, em 2013, Campo Largo/PR.
Os poemas de Isabel Furini do livro Os Relógios de Dalí mergulham, são densos. Legal demais. Elói Fonseca
ResponderExcluirMuito obrigada pelo comentário, prezado poeta Elói Fonseca.
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