SÓ TENHO OLHOS PARA O LESTE
O pôr do sol:
Um poema
Cor de púrpura
Trazendo à tona
O peso do tempo
Os grãos das perdas
Então dou as costas
À tarde que expira
Soluçando abismos
E abro meu álbum
De delitos, num rito
De rejeição à culpa
Porque para mim
O horizonte
É útero materno.
VÔMITO
Há porcos mais sujos
Que estes pobres suínos
Deste quintal sem favas
Porcos que nos fuçam
Como se fôssemos lama
Para nutrir suas fezes
Das suas entranhas impuras
A babugem escorre caudalosa
E soltam grunhidos agourentos
Para apagar a nossa memória
A cada nova ida às urnas
Quando a podridão não fede.
1983
Quando a chuva lavava
As feridas da cidade
Levava consigo metade
De meus desperdícios
A outra parte servia
De isca para enganar
Adultos e adúlteras
Adubo na gestação
De outros calendários
As ruas se vestiam
De saias e calças novas
As calçadas viravam
Lousas onde a gurizada
Rabiscava búzios
Sonhos e percursos
Então uma saudade
Cheirando a alfazema
Vinha abrir goteiras
Dentro de meu silêncio.
Neurivan Souza
POESIA ALADA
Talvez os poetas
Sejam pardais
Das manhãs perdidas
De uma infância
Abreviada
E têm mania
De cantar
Enquanto
Catam palavras
De tudo aquilo
Que fica extraviado
No silêncio
Aos pardais
E aos poetas
Ser nada é tudo
Que lhes basta!
Neurivan Souza
NEURIVAN SOUSA é poeta e professor, natural de Magalhães de Almeida-MA (1974), radicado em Santa Rita. É autor de Lume (2015), O pequeno poeta (2015), Palavras sonâmbulas (2016), O pequeno poeta em segredos no jardim (2016) e Minha estampa é da cor do tempo (2017). Membro fundador da Associação Maranhense de Escritores Independentes (AMEI) e Membro Correspondente da Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes (AICLA).
O pôr do sol:
Um poema
Cor de púrpura
Trazendo à tona
O peso do tempo
Os grãos das perdas
Então dou as costas
À tarde que expira
Soluçando abismos
E abro meu álbum
De delitos, num rito
De rejeição à culpa
Porque para mim
O horizonte
É útero materno.
Arte Digital de Carlos Zemek |
Há porcos mais sujos
Que estes pobres suínos
Deste quintal sem favas
Porcos que nos fuçam
Como se fôssemos lama
Para nutrir suas fezes
Das suas entranhas impuras
A babugem escorre caudalosa
E soltam grunhidos agourentos
Para apagar a nossa memória
A cada nova ida às urnas
Quando a podridão não fede.
1983
Quando a chuva lavava
As feridas da cidade
Levava consigo metade
De meus desperdícios
A outra parte servia
De isca para enganar
Adultos e adúlteras
Adubo na gestação
De outros calendários
As ruas se vestiam
De saias e calças novas
As calçadas viravam
Lousas onde a gurizada
Rabiscava búzios
Sonhos e percursos
Então uma saudade
Cheirando a alfazema
Vinha abrir goteiras
Dentro de meu silêncio.
Neurivan Souza
POESIA ALADA
Talvez os poetas
Sejam pardais
Das manhãs perdidas
De uma infância
Abreviada
E têm mania
De cantar
Enquanto
Catam palavras
De tudo aquilo
Que fica extraviado
No silêncio
Aos pardais
E aos poetas
Ser nada é tudo
Que lhes basta!
Neurivan Souza
NEURIVAN SOUSA é poeta e professor, natural de Magalhães de Almeida-MA (1974), radicado em Santa Rita. É autor de Lume (2015), O pequeno poeta (2015), Palavras sonâmbulas (2016), O pequeno poeta em segredos no jardim (2016) e Minha estampa é da cor do tempo (2017). Membro fundador da Associação Maranhense de Escritores Independentes (AMEI) e Membro Correspondente da Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes (AICLA).
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