Poemas de Daniel Mauricio e José Feldman da exposição Olhares


Em 26 e maio/2019, os poetas Daniel Maurício e José Feldman, acadêmicos da AVIPAF (Academia Virtual Internacional de Poesia, Arte e Filosofia), inauguraram a exposição "Olhares", na Feira do Poeta de Curitiba.  A mostra também tinha apresentou Arte digital de Carlos Zemek.

A exposição Olhares, encerrou nesta semana, e amanhã,  23 de junho, será a inauguração da exposição de Maria da Glória Colucci e Decio Romano, "Tempo Poético". A mostra também apresentará fotografias de Decio Romano. A coordenação dessas exposições é de Isabel Furini.

A Feira do Poeta de Curitiba é um espaço da Fundação Cultural de Curitiba, dedicado à Poesia. O poeta Geraldo Magela Cardoso coordena as atividades poéticas nesse local.

Para os amantes da Poesia que não conseguiram visitar a exposição Olhares de Daniel Maurício e José Feldman, deixamos o registro dos poemas que fizeram parte da mostra.

O poeta Daniel Mauricio na abertura da exposição Olhares

Vindos da terra dos sonhos
Os pássaros outrora ciganos
Dão pausa aos cantos
Deixando que o encanto
Fique por conta
Do silêncio das cores.
Pássaros flores
Descansam suas asas
No campo fazem moradas,
Criam raízes
Conservam as matizes
E em flores se transformam.
Na paisagem bucólica
Meus olhos em ninho
Acolhem os passarinhos
Que só com o vento passeiam.

Daniel Mauricio
Acadêmico da AVIPAF - Cadeira: 17
Patrono Paulo Leminski


***


O teu silêncio
É ausência que grita
E faz barulho no meu peito
Que acostumado com outros tempos
Em que era terra arada
Onde se fincavam sonhos
Na carência
De sequer um gesto
Recorto palavras antigas
Do teu épico manifesto
E delas faço um pequeno ninho
Sonhando como um menino
Que a tua mudez repentina
Se convertia num delicioso beijo.

Daniel Mauricio
Acadêmico da AVIPAF - Cadeira: 17
Patrono Paulo Leminski


***

Demoro em mim
Como um olhar saudoso
Diante de uma foto antiga
Pauso por instantes
O apressado tempo
Foco no momento
Pois a areia do ontem
Já escorreu sem medo
E a do amanhã
Guarda em si seus próprios segredos
Esvaziei a mente
Quebrei os elos da corrente
Senti no peito a liberdade
Cobri-me apenas da verdade
E com a luz interna
Fiz conexão.

Daniel Mauricio
Acadêmico da AVIPAF - Cadeira: 17
Patrono Paulo Leminski


***

Quanto mais
Em mim mergulho
Mais descubro
Você em mim.

Daniel Mauricio
Acadêmico da AVIPAF - Cadeira: 17
Patrono Paulo Leminski


***

Enquanto tu não vens
Guardo minhas vontades
Em pequenas caixas de veludo
E não me iludo
Pois na hora certa
Uma a uma vou poder te dar.
Dentro dos olhos
Trago a face oculta da lua
No abre e fecha
Das janelas da rua
Tento descobrir em qual delas estás.
Nas costas das mãos
Ensaio mil beijos
Olhando o jardim
Disfarço meus desejos
Repetindo os mantras
Dos velhos irmãos.
Se o sol se cansa
Desmaiando atrás dos montes
Tiro luz de outras fontes
E em vigília sonha meu coração.
Daniel Mauricio
Acadêmico da AVIPAF - Cadeira: 17
Patrono Paulo Leminski

 ***


Os olhos diziam te quero
Mas foi no abraço sincero
Que li sem palavras:
Ai, que saudades de ti!

Daniel Mauricio
Acadêmico da AVIPAF - Cadeira: 17
Patrono Paulo Leminski

***


Quando eu te conheci
Um arco-íris brotou em mim
Era a felicidade espalhada
Depois de tanta lágrima derramada
Até no frio o meu jardim voltou a florir.
Quando eu te conheci
Um arco-íris brotou em mim
Era o Arco da Aliança
Igual o da história de criança
Uma promessa de amor sem fim.

Daniel Mauricio
Acadêmico da AVIPAF - Cadeira: 17
Patrono Paulo Leminski


***



Tirei férias de mim
Viajei fundo
No teu universo.
Percebi cores
Que não conhecia
Senti dores
Que nunca sentia
Aprendi sabores
Que nem sabia
Enfim,
Vivi um mundo tão teu
Tão particular
De forma que nunca mais
Voltei a ser o mesmo EU.

Daniel Mauricio
Acadêmico da AVIPAF - Cadeira: 17
Patrono Paulo Leminski


***



A borboleta
Lê em braile
Os silêncios
De cada pétala.
Colo em ti
O meu ouvido.

Daniel Mauricio
Acadêmico da AVIPAF - Cadeira: 17
Patrono Paulo Leminski


***


Me cubro
Com a indiferença do teu olhar
E nas calçadas das ruas
Sem sonho
Adormeço.



Daniel Mauricio
Acadêmico da AVIPAF - Cadeira: 17
Patrono Paulo Leminski



DANIEL MAURICIO: Nascido em Jaguariaíva–PR, Membro da Academia Virtual Internacional de Poesia, Arte e Filosofia – AVIPAF; Membro do Centro de Letras do Paraná; Graduado em Letras; Administração de Empresas; Direito; Pós-Graduado em Gestão Administrativa e Tributária; Pós-Graduação em Gestão de Pessoas e Qualidade no Setor Público; Pós-Graduação em Gestão Pública de Tecnologia da Informação; Pós Graduação em Gestão Pública; É Auditor de Tributos Municipais, atualmente desempenha a função de Julgador Tributário; Autor dos livros Mosaico de Sentimentos e Cacos e Retalhos; Participou das coletâneas: Poesias Escolhidas – Vozes de uma Alma, Poesias Escolhidas – O Melhor de Mim, Eles São de Vênus: Homens Sem Frescuras (Editora Poesias Escolhidas); Parnaso Poético e Paranaso Poético II (organizado por Osmarosman Aedo e Silvana Mello); e das Antologias: Cumplicidade de Movimentos, Memórias e Passagens (Editora Scortecci); Conexão III e Conexão IV (organizado por Amaury Nogueira); Espaço Cultural Coreto (Nogueditora); Minilivro Texturas Poéticas (Organizado por Isabel Furini e Carlos Zemek); ganhador do concurso Poemas Curtos (2014), Prêmio Marilda Confortin (2015), Prêmio Alice Ruiz (2016), promovidos pela Prefeitura Municipal de Curitiba; Agraciado com o título de Cidadão Benemérito de Jaguariaíva/PR; Reside em Curitiba - PR.


POEMAS DE JOSÉ FELDMAN

ATESTADO DE POBREZA

Este é um fato comprovado,
que me envolve em pleno breu,
corre o dinheiro adoidado,
dele, seu, menos o meu.

Se o dinheiro está parado,
aonde ele foi parar?
Mas se ele corre adoidado,
não dá para alcançar.

E eu vou indo pela vida,
sempre cheio de esperança
de que um dia vai mudar.

Parcimônia é a pedida,
seguindo com confiança...
de um dia a mesa virar.


José Feldman (Maringá)
AVIPAF - Cadeira n. 35
Patrono: Apollo Taborda França


***

Quase um Soneto: CADEIRA VAZIA

Um bandolim no fundo do armário,
uma cadeira vazia,
lágrimas por um velho cenário,
saudades de um outro dia.

A música que reinava, se cala
a palavra dita e não dita,
a solidão em meio a sala,
um coração cuja saudade habita.

O tempo que houve, se dissipou,
deixando uma lágrima pendida.
Como uma peça de teatro, se findou,

gravando na alma, sua partida.
Tempos de abraços, sorrisos e certezas,
um fio esticado que desenrolamos na vida.

José Feldman (Maringá)
AVIPAF - Cadeira n. 35
Patrono: Apollo Taborda França





***

CURITIBA 326 ANOS

Curitiba, tu és saudade
de um tempo que se passou.
Como não amar esta cidade
onde minha jornada iniciou?

Lembro bem do Pilarzinho,
do Tanguá e do Tingui,
Bosque do Alemão no caminho
e claro também o Barigui.

No Largo da Ordem, a feira,
Big Pizza, Rua das Rosas,
também uma vida festeira,
sebos, barzinhos e muitas prosas.

Bairro de Santa Felicidade,
restaurantes... que delícia!
Enriquecem esta cidade
numa saudade vitalícia.

Mais um ano se completa,
trezentos e vinte e seis se passaram,
deixa no coração deste poeta
doces lembranças que nunca se apagaram.

José Feldman (Maringá)
AVIPAF - Cadeira n. 35
Patrono: Apollo Taborda França


***

REALIDADE
Não somos mais que esboços
Desenhados por outras mãos
Olhos cegos que vêem sem ver
Fantasmas do passado
Assombrando o amanhã.


José Feldman (Maringá)
AVIPAF - Cadeira n. 35
Patrono: Apollo Taborda França
***

Sonetilho: E A VIDA CONTINUA...

É! Mais um ano se finda...
A esperança companheira
vive em nosso ser, ainda,
que ela seja alvissareira!

Mas, mesmo que os nossos sonhos
não sejam como queremos,
devemos seguir risonhos
felizes pelo que temos.

Andarilhos... caminhamos,
tendo em nosso coração
amigos que conquistamos,

mesmo em momentos de dor.
Pois co' a vida em comunhão
sempre vingará o amor!

José Feldman (Maringá)
AVIPAF - Cadeira n. 35
Patrono: Apollo Taborda França



***



VELHO TEATRO
Velho teatro abandonado,
que tantos sucessos houve,
palco de um tempo passado...

Hoje só restam cadeiras vazias,
quebradas, num canto jogadas,
memórias daqueles dias
de glórias conquistadas.

A parede carcomida
com cartazes, página rasgada
no livro de uma outra vida,
num passado condenada.

Na estação da saudade
cinzas de um fado,
testemunhas da verdade.

José Feldman (Maringá)
AVIPAF - Cadeira n. 35
Patrono: Apollo Taborda França

***


TROVAS SOBRE A GRALHA AZUL

1
Esta é uma terra abençoada!
Povoada por brava gente,
tem a Gralha Azul, sagrada,
glória de um povo valente.


2
Gralha Azul, qual fazendeiro
semeando o seu pinhão,
faz nascer mais um pinheiro,
construindo esta nação!


José Feldman (Maringá)
AVIPAF - Cadeira n. 35
Patrono: Apollo Taborda França

***

TROVAS SOBRE SAUDADE



1
O nosso amor foi quimera,
que acabou em tempestade.
De um belo jardim que houvera,
ficou de herança a saudade...


2
Quando se perde um amigo,
sofre-se uma eternidade…
O coração acha abrigo
só na estação da saudade.


José Feldman (Maringá)
AVIPAF - Cadeira n. 35
Patrono: Apollo Taborda França

***


TROVAS HUMORÍSTICAS


1
O que me deixa grilado,
é nunca saber jamais,
com dois amigos ao lado,
qual deles que mente mais.


2
Foi num beijo prolongado,
que a "coroa" se entregou..
Em meu lábio pendurado,
a dentadura ficou.

José Feldman (Maringá)
AVIPAF - Cadeira n. 35
Patrono: Apollo Taborda França



José Feldman
, nasceu em São Paulo/SP, em 1954. Radicou-se no Paraná desde 1999, residindo em Curitiba, Ubiratã e finalmente em Maringá. Começou a escrever desde criança, e participar de cursos de contos, poesias e trovas com literatos de destaque no cenário mundial.
Premiado diversas vezes em concursos nacionais de trovas e de poesias. criador de blog de literatura http://singrandohorizontes.blogspot.com em atividade há 11 anos e revistas virtuais de trovas e literatura em geral, pertence a várias academias de letras no Brasil e no exterior. Foi agraciado com diplomas e títulos de mérito cultural por seu trabalho em prol da literatura. Presidente Estadual do Paraná da Academia de Letras do Brasil (cadeira n.1, patrono: Paulo Leminski), Conselheiro Internacional do Movimento União Cultural, integrante da União Brasileira de Trovadores em Maringá, membro da Ordem Nacional dos Escritores, cadeira n. 35 da AVIPAF (patrono: Apollo Taborda França), e outras academias. Prefaciou livros de escritores curitibanos. Poeta, escritor, trovador e gestor cultural possui dois livros de trovas de sua autoria.










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