Poemas Esquecidos
Perdi no emaranhado das linhas
alguma coisa de mim
que mal lembro o que é
e às vezes falto,
numa ausência absurda
de mim mesma.
Abro a gaveta do tempo
e tudo é abjeto,
rasuras de versos pálidos
nas folhas secas da lembrança.
Busco, talvez, a inocência da infância,
a astúcia da mocidade,
busco aquelas borboletas no estômago
que no fim, eram apenas o vômito
expelindo-se para a latrina,
Quero de volta aquelas dores pequeninas
que se agigantavam dentro de mim
e as minúsculas alegrias
que se acendiam como um estopim
explodindo a minha alma,
mas quero tudo com calma
e sei que não sou coerente,
pois tudo o que era elo, virou corrente
e o tempo velho das coisas soltas
não volta mais.
Ana Campos
Poema do livro: O Cortiço da Poeta.
Fotografia de Isabel Furini |
Silenciosamente
Sumir, encontrar os ventos
que sopram por toda parte.
Gritar, na ilusão eterna
de explodir em silêncio.
Querer o possível
sem me sentir covarde,amar em segredo
por saber-me irrecíproco.
acordar, dormir, vibrar, sentir
à minha maneira,
em parte, sendo-me inteira
a fome de vida na morte oculta
em cada dor “superada”.
Endividando-me com um coração
que sangra porque bate
em meu peito todos os dias
e as incertezas vivas
despertam-me em solidão
sempre o mesmo oco na alma,
inexplicável ou não,
mas sempre procurando uma forma
de compreender o que sinto,
ou aceitar-me insana,
porque eu sou humana.
Ana Campos
Do Livro: O Cortiço da Poeta
Ana Campos – Curitibana, 37 anos. Autora dos livros “O Cortiço da Poeta” (coletânea de poesias) e “Uma História de Amor Nada Romântica” (romance cômico), e do site que leva o mesmo nome que sua coletânea de poesias. Idealizadora e editora da Revista Virtual Curitiba Suburbana.
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