Nossa entevistada é Jéssica Iancoski. Jéssica nasceu em Curitiba em 1996. Começou a escrever poesia com 7 anos de idade. Aos 15, teve o poema “Rotina Decadente” reconhecido pela Academia Paranaense de Letras. Tem diversos livros publicados, contribuições com Antologias e Revistas Literárias. É a idealizadora do Podcast “Toma Aí Um Poema”, com mais de 18 mil ouvintes diferentes, ao longo do tempo. Contato: www.jessicaiancoski.com | @Euiancoski
Jéssica Iancoski |
Quando começou a escrever poesia?
Comecei escrever poesia aos 7 anos, quando estava na escola! Lembro-me da professora passando uma atividade obrigatória: criar um poema; e lembro de ter escrito um para a Misty, a minha poodle. O Poema era assim “Eu tenho uma cachorrinha / Ela é bem bonitinha / Quando vou para a escola / Ela fica tristinha.” Foi assim que eu comecei… E desde esse dia eu tenho continuado...
Fale dos autores que influenciaram o seu estilo.
Eu sou uma poetisa bem versátil na verdade, escrevo em várias vertentes! Confesso que achei difícil essa pergunta… Mas vamos lá! De um modo geral, acredito que a minha poesia sofre bastante influência de autores clássicos brasileiros como Oswald de Andrade e Drummond - se levarmos em conta as características modernistas. Acredito que carrego influências portuguesas, poderia citar Sophia de Mello Breyner Andresen e até mesmo o Fernando Pessoa. Os meus textos apresentam uma certa melancolia que passa um pouco pela poesia cosmopolita e a questão fuga pela e para natureza, então citaria Matilde Campilho, Bukowski, Augusto de Lima e Ivan Junqueira. Em vários textos, apresento também influências concretistas. E, por fim, posso dizer que recentemente comecei a aderir influências da poesia marginal e Slam.
Que lugar ocupa a Poesia na sua vida?
Atualmente, a poesia ocupa um lugar central na minha vida. Tanto no mundo online, quanto no offline. É o modo como consigo me expressar, por isso, a trato com tanto carinho, colocando-a um pouquinho em tudo o que faço. Seja nos meus trabalhos visuais, poéticos, prosaicos e nos simples e cotidianos projetos da vida.
Fale sobre os seus melhores poemas. (Conte se são os mais antigos ou os mais novos, por que os considera os melhores: foram premiados? Um amigo elogiou esses poemas? Você os considera os melhores porque gosta deles?
Sempre que nós falamos de “melhores” é muito relativo! Por exemplo, eu tenho o poema “Rotina Decadente”, premiado pela Academia Paranaense de Letras, que eu nem acho que é um dos meus melhores trabalhos; enquanto tenho “Pingam as Rosas Azuis” que eu fico toda boba quando me lembro que fui eu que escrevi… Acho que quando falamos de melhores poemas, temos que nos perguntar, melhores no quê? Todos os meus poemas selecionados para a antologia são melhores em algo: “Pelo Próprio Amor” é o meu melhor sobre a importância de se amar, “Polinização Por Afeto” é o meu melhor sobre amar o próximo, “Sujeito Desafinado” é o meu melhor sobre se arriscar na poetisa com novos elementos, “Tem Coisa Mais Fundamental” é o meu melhor sobre como o mundo anda um pouco estranho e por aí vai!
Qual é a sua expectativa quando publica um livro?
Normalmente, quando publico um livro a minha expectativa é a de dar uma casa para um texto. Minha mãe cresceu falando que trabalhava para deixar um teto para a gente… Eu não tenho filhos, mas os meus poemas são como meus descendentes para mim… Fico com esse desejo de dar um lar para eles. Seja na folha do papel ou em alguém que leia a folha de papel.
Tem algum ritual para escrever, como ouvir música, tomar um café ou algum outro?
Eu escrevo diariamente, não só poesia... Normalmente, eu acordo de manhã, passo um café, tomo umas duas xícaras e sento para trabalhar. Narrativas, eu escrevo melhor na parte da manhã, quando a cabeça está descansada e organizada. Mas os poemas… Não é assim não! Precisa estar tudo uma bagunça de palavras dentro de mim. Uma bagunça daquelas que transborda mesmo…. E quando as palavras começam a escapar assim é que eu sento para escrever. Coloca-las no papel reorganiza.
Como é seu processo criativo? Para escrever um poema, por exemplo, você parte de uma palavra? De uma imagem? De uma vivência? De acontecimentos?~
Meu processo criativo é fluido. Tenho os poemas que parto de brincadeiras com palavras através de algum sentimento, como foi em “Com Tudo”. Tenho alguns que parto de fotografias mentais como “Pingam as Rosas Azuis”. Outros que vem da vivência e da saudades “Toda Saudade em um Único Big Bang”. Também tem aqueles que surgem da releitura de poemas antigos como foi com “Sujeito Desafinado” que precisei voltar ao poema, depois de 7 anos, para conseguir lapidá-lo. Acho que eu resumiria o meu processo criativo como “visitas”, pois sempre que eu visito ou revisito algo - seja do mundo interno, externo ou online - que me movimenta por dentro, eu sinto a necessidade de escrever.
Na sua opinião a internet incentiva a leitura de livros ou prejudica?
A internet é tipo um bisturi: na mão do médico, salva; na mão de um assassino, mata. Acho que quando pensamos na questão da leitura é a mesma coisa. O problema nunca é a internet, mas sim o uso que fazemos dela. Podemos ler muita coisa de qualidade através dela, como podemos usar para ver coisas divertidas… E não há mal nisso também. Aliás, nunca se leu tanto quanto agora…
Você acha que o poeta nasce ou ele se faz?
Acredito que algumas pessoas nascem com o dom das palavras e da poesia, mas eu realmente acho que tudo se aprende nessa vida - algumas pessoas só levam mais tempo, pois não vem intuitivamente. Acho que o poeta nasce e se faz, pois a POESIA POESIA só existe fora da gaveta. É a palavra compartilhada. A poeta pode ser fenomenal, mas se ele não souber compartilhar.. O que é que adianta? E compartilhar é algo que se aprende, que se faz.
Fale um pouco de seus planos para o próximo ano.
Vix, eu aboli isso de fazer planos. Um ano passa voando, mas é muito tempo! Sei lá, é provável que eu continue alimentando os meus trabalhos poéticos e literários na internet como os podcasts Toma Aí Um Poema, Histórias para Dormir e o Jejéqui Lê - quero vê-los crescerem mais. Mas, ao mesmo tempo, quero sair um pouco do mundo online e ir para o offline. Sinto que tem coisas importantes que estou deixando passar. Para o próximo ano é isso! Não coloco muitas metas, só as importantes e o contato pessoal conta muito… ainda mais porque estou cansada dessa pandemia
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