Cirlei Fajardo: No divã comigo mesma

 

 

NO DIVÃ COMIGO MESMA

A poesia é ver a vida com olhos de esperança, colorir o que é cinza, acalentar no peito e na alma o amor acima de tudo.

A poesia me salva a cada dia, me analisa, me ergue quando caio, me salva, me impulsiona sempre para além do horizonte.

Ter paciência com o tempo da espera.
Conviver com dor e sofrimento aceitando que sou humana e que posso ficar fragilizada momentaneamente mas que depende de mim o aceleramento da cura.
Acreditar na medicina.

O mundo ainda tem muito a aprender sobre limitações impostas por vírus de todos os tipos.
Não adianta eu me penalizar e me deixar levar por coitadismos.

Se existem direitos adquiridos preciso usar com responsabilidade.
Infelizmente existe e proclamam a tão falada "inclusão", incluir significa tratar o deficiente como um igual sabendo e respeitando a limitação de cada um, como por exemplo:
Poder ter salário igual aos demais trabalhadores, com as mesmas oportunidades que os demais trabalhadores mesmo tendo dificuldades em subir e descer escadarias.
Não precisar provar todo ano que se é portador de sequelas que se adquirem para a vida toda.

De um momento para o outro podemos nos tormar um deficiente físico mas o contrário é impossível, podemos amenizar sequelas e limitações com correções cirúrgicas, fisioterapia, atividade esportiva mas eliminar sequelas adquiridas é conversa de Carochinha, e mesmo diante da fé, posso dobrar meus joelhos e orar 24 horas por dia mas vou precisar da minha bengala e isto é,  ser coerente e lógico.

Sou uma romântica por natureza e as experiências de vida, todos os dias me ensinam grandes lições, como aceitar que posso ser uma pessoa persistente, trabalhando, estudando, praticando minha fé, sendo mãe, irmã, filha, mulher da forma com eu sou com qualidades e defeitos, com limitações ou não, a vida é milagre diário, todos os dias tenho uma nova oportunidade de ser melhor e semear bons gestos, boas sementes para colher bons frutos.

Posso acolher, amar, conviver, partilhar experiências e formas diferentes de pensar independentemente de ser "mulher", "homem", "jovem", "velho", não importa a cor da minha pele, não importa minha classe social, não importa onde vivo, não importa minha escolaridade.

O que importa é como quero ver o mundo e as pessoas, se do alto em infinitos voos ou se prefiro agir como um ser rastejante que está eternanente no chão.

A liberdade de pensar e fazer diferente não me torna um ser errante mas sim, alguém que aprende enquanto tenta e vive "o saber e a a eterna busca" o mais importante é sernos sempre "eternos aprendizes".

Eu sou infinitamente grata a quem acredita na minha pessoa, em quem me incentiva com pequenos gestos, em quem me aceita assim, sou um ser em construção, e quando se edifica muros e construções podemos desabar em meio às intempéries dos 5 elementos, mas podemos sempre recomeçar e edificar lindos, seguros, agradabilíssimos templos, castelos, sem prejudicar ninguém, pelo contrário posso abrigar outras almas idênticas à minha sem medo e sem hipocrisia.

Posso e devo acreditar no bem acima do mal pois sou um ser feito da dualidade e cabe a minha pessoa alimentar de forma racional a alma que habita este frágil sacrário.

Cirlei Fajardo
21 de abril de 2020... 15h12

CIRLEI FAJARDO

Nascida em Taquaral, Santa Catarina em 1965. Escreve diariamente no Facebook textos de auto ajuda, poemas, reflexões, crônicas, pensamentos, aconselhamentos individuais em 6 perfis próprios e 2 de amigos:  Eu amo Curitiba;  Aprendendo a ser Eterna Aprendiz como filha da luz;  De dó ao si... sempre Ci... músicas e poesia;  Anjos do Amanhecer; Eterno Apendiz.';  Página A Bailarina da Lua; Perfil Cirlei Fajardo, Perfil Catnoa Fijitde. A linha de trabalho é diária e intensa com textos de autoria própria digitados na rede. Textos editados em fotografias com a colaboração  poetisa Monica Puccinelli de Curitiba, cards editados em Portugal por Manuela Silva.
Participou do projeto da FCC poesia nos bairros em 2016 com a leitura de poemas ao público de escolas, associações e casa do poeta de Curitiba.
Palestrou para poetas de Campinas do Portal dos Poetas em 2018.
Foi membro efetivo da Academia Poética Brasileira na cadeira de número 13 sob a tutela de Florbela Espanca, tendo como padrinhos Olinto Simões e Silvana Melo, com a presidência de Mhario Lincoln de 27de outubro 2018 até 04 de fevereiro de 2020, quando solicitou desligamento definitivo.