Nosso entrevistado é o poeta Tiago Vargas. Nasceu em Cachoeira do Sul/RS em maio de 82. Poeta, escritor e produtor cultural. Professor de Língua Espanhola, Língua Portuguesa, Literatura e Projeto de Vida. Colunista Literário responsável pelo JP literário com publicações nas edições semanais do Jornal do Povo e blogueiro do Blog da Poesia no mesmo jornal. Coordenador do Prêmio Paulo Salzano Vieira da Cunha de Poemas. Autor de Azedume, Todos os silêncios do Mundo e Outro Eu.Organizador dos Poetas do Vale. Participação em inúmeras coletâneas.
Tiago Vargas |
Tiago, como surgiu a ideia dessa coletânea?
Os poetas do vale é um grupo de poetas que existe desde 1976, data da publicação do primeiro livro. Ele foi formado por Dona Ely Marciniak e mais um grupo de 16 abnegados escritores com um propósito específico, clara e bem definido. Divulgar a literatura, sobretudo a poesia de Cachoeira do Sul e a região dos vales. Desde 76, foram onze edições da coletânea. Minha primeira participação foi em 2009, como autor, na sétima edição. A partir da publicação seguinte, em 2011, passei a atuar também como organizador. Este ano foram 38 escritores, nas mais variadas faixas etárias. Com poetas dos 13 aos 99 anos. Como Cachoeira do Sul completou em 2020 duzentos anos de emancipação, o livro pela primeira vez teve como premissa versos temáticos. Todos os poemas mencionavam o município, pessoas, personalidades, fatos históricos ou lugares. Trata-se de um livro tributo. Homenagem a nossa urbe. Homenagem a nossa gente.
Segundo a sua percepção: esta época de pandemia é boa ou é ruim para a criação literária? Você se sente mais ou menos inspirado?
Tem uma frase do Ferreira Gullar que diz que a arte só existe porque a vida não basta. Em tempos de isolamento social e da real necessidade de ficar em casa e se expor menos, penso que a arte de um modo geral, se faz ainda mais urgente e necessária. A cultura com bálsamo, remédio para alma. Para suavizar. Particularmente me sinto menos inspirado e lendo menos do que realmente gostaria. No entanto aproveitei para organizar, estruturar um material escrito referente a novas publicações. Na verdade estou trabalhando até mais. Minhas outras atividades profissionais não pararam.
Publicar uma coletânea é um trabalho que exige dedicação e organização. Foi uma tarefa difícil preparar a coletânea?
Sinceramente não. Tudo foi realizado pela internet, reuniões, envio dos poemas. Divulgação. O lançamento foi realizada através de um sarau organizado na sala de reunião do Google meet. O livro foi viabilizado graças a recursos provenientes da Lei Aldyr Blanc. Nossa tiragem inicial foi de 800 livros. O livro também está disponível para download gratuito. Realmente organizar um livro requer alguns atributos importantes como dedicação e organização. No entanto, essa é a quarta coletânea que organizo. Meus três livros solos são autopublicações. Não foi exatamente nenhuma novidade. Somente a circunstâncias da produção.
Como reagiram os poetas? Ficaram contentes de participar?
Sim, muito. Principalmente os mais jovens. Dos 38 participantes a coletânea conta com 6 neófitos.
A coletânea tem nomes reconhecidos no mundo literário?
Alguns nomes relevantes. Participam da coletânea os poetas Marion Cruz, reconhecido no universo literário estadual e Airton Ortiz, que é Presidente do Conselho Estadual de Cultura, membro da Academia Rio Grandense de Letras e foi Patrono da Feira do Livro de Porto Alegre de 2014.
Qual é a sua expectativa? Espera que a coletânea conquiste muitos leitores?
O livro tem como proposta não ser comercializado. Cada autor recebeu dez exemplares. Todas as escolas de Cachoeira do Sul, publicas e privadas. Bibliotecas municipais e acadêmicas receberam o livro também de forma gratuita. O e-book foi confeccionado com a ideia de alcançar um número mais expressivo de leitores. E também está disponível para download de forma gratuita.
Tiago, fale dos projetos para 2021.
Tenho dois projetos literários para 2021. A ideia é aguardar a chegada da vacina e um pouco da volta a normalidade. Pensamento era lançar pelo menos um deles no segundo semestre. Um deles é um volume de poemas com versos que refletem basicamente sobre a passagem do tempo. A outra publicação seria um livro de mini-contos. Ambos estão em uma etapa final de produção.
Poema de Tiago Vargas, que faz parte da Antologia "Poetas do Vale XI".
Poesia do lugar
Minh ’alma passeia ao som dos violinos,
Com leveza,
Sem destino.
Na palidez da aragem
Suturam esquinas
Ladrilham calçadas,
Visitam velhos casarões
Pelourinhos e fachadas
Mitologia de praças
Onisciente
A poesia do vento
Faz eco presente
No tempo
Nos apitos do trem
Nas veredas de barro batido
Na florada dos Ipês
Na constância da vida
As águas dançam
Com peculiar singularidade.
Nas margens do rio
Pajés semeiam o futuro.
Tiago Vargas
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