Comentário sobre o romance PONTO CEGO

 

 

Como um beija-flor, que voa em todas as direções, o primeiro romance de Carine Mendes, afastando-se da narrativa linear, apresenta uma narrativa singular e fragmentada, criando novas estratégias para seu livro. O caminho escolhido pela autora para narrar sua história, exige do leitor um olhar diferente. Ela nos coloca frente a um mosaico, cujas partes foram desenhadas de maneira singular. Talvez sejam diferentes estratagemas utilizadas para cativar o leitor; talvez seja a necessidade de contar uma história que guarde a característica do mito, que, como disse Otto Von Otto: O mito nunca foi, mas sempre é.

Ao explorar a vida dos personagens sem compromisso cronológico, o romance Ponto Cego (Editora Patuá), nos conduz pelo caminho da escuridão, onde se podem ter lampejos de luz. Nesse livro, Carine, rompe o ritmo do romance linear e insere poemas e imagens para revelar a vida interior e a psicologia dos personagens. A narrativa foi elaborada como o fluxo de um rio, no qual os personagens vivem e sonham.

Fusão, espelhose, difração e desespelho são as quatro partes que compõem a história desta obra e criam uma narrativa desmembrada, como um espelho quebrado cujos fragmentos é necessário reunir. Parece que o livro desafia o leitor para que este reúna os fragmentos dos espelhos, compreendendo assim que Luiza e Luiz revelam aspectos da psique humana.

Na página 101/102, algumas perguntas provocam o leitor:

          Se o passado não é mais passado, quem foi, era ou tinha sido? E as dores
         sentidas no lembrar? Ainda é posse o que não faz história? Se o futuro
         nunca chega, que desejos são extintos? Ainda é ser o que não tem saudade?

Isabel Furini é poeta e educadora.

 



 

Comentários