Luciah Lopes: Poemas

 

 

 

SEGREDANDO

pela janela
eu vejo o muro______tão despido de poesia!
Queria ser um pouco "Helena"
confessar-te tantas coisas e
com pincéis sujos de tinta
criando um céu estrelado______bem aqui, ao alcance
dos teus olhos

Luciah Lopez

Aquarela de Luciah Lopes

HORAS INEQUIVOCAS

Gosto dessas horas inequívocas
quando o destino se ergue sobre a Terra
e nos basta um pouco de calor um pouco de perfume
um pouco de silêncio, uma folha ainda virgem e uma caneta______e a história
da humanidade passa a ser contada
ora em prosas ora em versos
e o ofício do poeta, enfim, faz sentido...

Deixa os teus rastros à beira do caminho
pois o que dista de ti é o tempo.
A paisagem de fundo é infinito adágio
que todos os ventos haverão de soprar
e eu confessando os meus medos
dissolvo os meu poemas à revelia.

Minh´alma desenraízada
perde as digitais
rompe o casulo
e descompassada segue a própria sorte
indo aconchegar-se
na quietude da rosa-dos-ventos.

Luciah Lopes

Aquarela de Luciah Lopes

POESIA SEM TÍTULO

Tem um duende dentro do meu sonho.
Um pote de ouro
um papel e uma caneta – rabiscos?!
Não sei.
Insone, ele caminha
feito aranha, tecendo sua teia.
Tem um duende dentro do meu sonho
com sua barba longa
e seu olhar de poucas léguas.
A querer-me e perder-me em breve espaço
com sua voz gritando poemas.
O duende ou apenas o vento na fresta da janela?
– Lorca sorri, entre um gole de absinto e um banho de água fria.
Meu sonho continua e o matraquear das artérias
vão levando a poesia através de mim.


Luciah Lopes