Isabel Furini e Cris Anvago: Dia do Escritor - Dia da Escritora

 

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Fenda
Isabel Furini

todos nascemos com um vazio
refletido na pupila do olho esquerdo
(o olho de Anúbis)
- esse vazio está situado
no local mais profundo dos oceanos
(a fossa das Marianas)
a ausência total de luz
faz o coração tremer
a fenda abissal da solidão
é a fossa das Marianas da alma
nessa fenda profunda 
as memórias podem estar corroídas
mas a Arte Poética pode cerzir
as emoções rasgadas
e converter as palavras em Poesia

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As Palavras

Cris Anvago

O escritor faz a palavra dançar
no coração de quem a alcançar

A palavra viaja no canto de um pássaro,
canta em vários tons todo o dia,
no galho da árvore solitária, mas feliz
por ter o pássaro como companhia,
melodia que transforma o seu dia em fantasia.

A palavra pode ser a folha ou a raiz
de uma árvore enorme triste ou feliz,
onde os pássaros fazem os seus ninhos,
agasalham-se e dormem nos seus galhos,
por atalhos ou não, com ou sem razão, a palavra voa…

No horizonte em que vivemos
com todas as cores que vemos,
a palavra calada pode ser mal interpretada,
temos o gesto para a completar e falar por ela.
Como pode a palavra ser tão complexa
e, ao mesmo tempo singela?

Palavra que corta e magoa, que agasalha e aconselha
Palavra de ódio e de amor
que atravessa o mundo ou que cai.
Palavra que ecoa e transporta dor,
que se entranha na pele do escritor,
que, sem se aperceber, vive dentro dela!

O poeta coloca a sua alma nas palavras
O seu sentimento perfuma os seus poemas
O poeta é hipersensível, os livros são casas
onde as palavras podem ser liberdade ou algemas

Cris Anvago / Portugal



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