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"....Deus move o jogador, e o jogador a peça..."Jorge Luis Borges
O poeta cego escreve o poema, ele sabe que Deus move o jogador e ele move a peça.(*)
Que jogo de xadrez o ano novo trará? Onde estarão os peões, onde estará a rainha?
As torres? O bispo? Cavalo? Rei? Que jogo a sorte nos reserva? Peças brancas, peças pretas?
O destino sabe – mas não diz nada – Deus sabe.
Quais crianças com máscaras pintadas coloridas aparecem à noite? quem são?
Que lugares inóspitos terei que percorrer mais uma vez? Perambulando, a escuridão
encolhe até o limite. Ando por aí, piso em confetes, serpentinas azuis e violetas.
Pedaços de papel úmidos e pisoteados também. Você tem que deixar a água sair, para
deixar tudo secar, escorrer, esvaziar, a água sairá algum dia.
A sorte está lançada no tabuleiro de xadrez, as peças se movem incansavelmente.
Por um segundo, elas parecem olhar para mim, sérias, quietas, talvez à espreita.
Será inútil questioná-las, eu não conheço o jogo.
Sozinha, diante do tabuleiro de xadrez, olho as peças cara a cara.
(*) do poema Xadrez por Jorge Luis Borges
© Araceli Otamendi
Parabéns, lírica perfeita.
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