José G Feldman: Trovas

 



TROVAS DO FELDMAN  
16 Dezembro 2021


A chuva é qual o meu pranto
que molha minha querência,
inundando todo o encanto…
cultivando a sua ausência.




A esperança nunca morre...
Suplico a Deus com fervor:
- Uma nova chuva jorre,
e as gotas sejam de amor!

*


A mentira esfarrapada,
pode a mente construir,
mas a grande derrocada
é não se saber mentir.

*


Ao encontrar-te, querida,
embriaguei-me em tua luz.
Enfim, encontrei guarida,
neste amor que me seduz!

*


Ao professor eu sou grato
por tudo o que me ensinou,
fez de meu mundo mais lato
base para o que hoje eu sou.

*


Ao se sentir insegura,
atenção ao que lhe digo:
- A conduta é assinatura
de quem se diz ser amigo.

*


As palavras são tijolos,
que nós podemos construir…
Cautelosas, são consolos
na tristeza do devir. 

*


Colorida alegoria
é a vida, até seu final,
se é vivida na alegria
de um sonho de carnaval!

*


Delícia é festa junina...
tem vinho quente e rojão.
Não vou sair da cantina.
Viva São Pedro e São João!

*


Diante de sua beleza
que palavras vou dizer?
Que façam jus à grandeza
da chama de seu viver.

*


Ela mandou-me um recado,
com seu amor, num cartão...
Meu olhar, amargurado,
viu apenas um borrão.

*


Em casa nós somos quatro,
eu, as gatas e a cadela;
todo dia é um teatro,
nossa vida... uma procela.

*


Eu sempre louvo a beleza
que a meus olhos descortina:
Vivas à mãe natureza,
pela vida que germina.


Fotografia de Isabel Furini

Minha vida é qual a folha
que da árvore se desprende,
não me dá nenhuma escolha
pois do vento ela depende.

*


Tanta árvore derrubada
cruel imagem de nossas matas,
são qual túmulos na estrada
de atitudes insensatas.

*



Todos galhos derrubados
pelas matas, aos pouquinhos
vai deixando abandonados
os filhotes de seus ninhos.

*


Em nossa missão na Terra,
espalhamos nossa luz,
sobrepujamos a guerra
com o amor que nos conduz

*


Eu vejo sempre a esperança
e a beleza singular,
no riso de uma criança...
no brilho do seu olhar!

*


Evitando um mal fatal,
me esquivo de encruzilhadas.
Minha vida é vendaval
de decisões mal tomadas.

*


Feliz, soltei um rojão…
que subiu num rodopio.
Socorro! Oh, meu São João!
Fiquei preso no pavio.

*


Fiz da saudade o meu ninho,
para abrigar meu amor,
mas... se perdeu no caminho
e hoje só me resta a dor!

*


Foste embora da querência
onde sempre se abrigou...
Ainda hoje, sinto carência,
tua luz nunca apagou!

*


Implacável é a idade,
todos os dias morremos
um pouco, com a saudade
daqueles que não mais vemos. 

*


Minha paixão é a poesia,
que percorre as minhas veias…
Todo dia, é um novo dia,
tecendo versos em teias.

*


Minha vida é uma tapera
abandonada, sem dó,
por alguém, que foi quimera
e do nosso amor fez pó. 

*


Na caixa postal da vida,
um recado e um juramento:
Não importa a despedida,
se a saudade é seu alento.

*


Nossa amor virou fumaça,
no fogo de uma paixão,
por alguém que, por pirraça,
destruiu meu coração.

*


O amor, é palavra forte
entre o ódio e a paixão,
pode ser causa de morte,
quando há abnegação!

*


O que me deixa grilado,
é nunca saber jamais,
com dois amigos ao lado,
qual deles que mente mais.

*


Quando quem gostamos parte,
o pranto deixa um recado:
O presente é o baluarte
que faz lembrar o passado.

*


Quanto tento fazer versos
o tal "zaime" me domina,
escrevo versos inversos...
Falta alguma proteína?

*


Queria poder dizer
palavras… soltar um grito,
pois não consigo conter
este coração aflito.

*


Se Deus me desse um desejo
que eu pudesse realizar.
Felicidade que almejo:
como criança voltar. 

*


Seja qual for o momento
que uma despedida alcança,
"adeus" deixa sofrimento,
mas "até logo"... esperança!

*


Se na conduta avaliar
o caráter de um amigo,
importante é separar
o que é joio do que é trigo.

*


Senhor! Que haja consciência...
que se rompam os grilhões,
haja trégua e complacência,
irmanadas as nações.

*


Tem gente que mente tanto
que não consegue parar...
E o que causa mais espanto:
na mentira está a morar! 

*


Toda mentira que existe
não é só a que se cogita,
pois de tudo é a mais triste
quando nela se acredita.

*


Um conselho de meu pai,
guardo com profundo amor…
Dizia: - A todos amai…
mesmo que lhe causem dor!

*


Vivo numa corda bamba,
numa estranha alegoria…
Tristeza numa caçamba...
Numa pintura, a alegria!

*


Vou seguindo pela vida,
entregue aos ventos da sorte,
seja qualquer a minha lida
só me deterei na morte.

*


Agradeço a ti, Senhor,
a vida que me alumia,
fizeste-me trovador,
louvo-te em minha poesia.

Trovas de José Feldman


 José Feldman nasceu em São Paulo/SP, em 1954, filho de Moisés e Mina Feldman. Morou em Taboão da Serra/SP, Curitiba/PR, Ubiratã/PR e finalmente radicou-se em Maringá/PR em 2011. Premiado em vários concursos de trovas (líricas/filosóficas e humorísticas), como Ribeirão Preto, Nova Friburgo, Curitiba, Santos, etc. e no concurso de poesias de Teófilo Ottoni/MG, 2018 e Cruz Alta/RS, 2019.Escritor, poeta, trovador, gestor cultural, orientador. Jurado em Concursos de Poesias e de Trovas. Organizador de concursos literários.
Criou o bloghttp://singrandohorizontes.blogspot.com.br em 2007. Idealizador e editor dos ebooks Chuva de Versos com mais de 400 números, Trova Brasil, Almanaque Paraná, O Encanto das Trovas, Florilégio de Trovas, O Voo da Gralha Azul, Folhetim Literário Desiderata. Pertence a várias entidades Literárias.

Comentários

  1. Obrigado pela publicação de minhas trovas. É bom ter às vezes os nossos textos divulgados, como divulgadores culturais esquecemos de nós mesmos rsrs

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. É verdade, querido poeta trovador Feldman. Parabéns pelas belas trovas.

      Excluir

Postar um comentário