TROVAS DO FELDMAN
16 Dezembro 2021
A chuva é qual o meu pranto
que molha minha querência,
inundando todo o encanto…
cultivando a sua ausência.
A esperança nunca morre...
Suplico a Deus com fervor:
- Uma nova chuva jorre,
e as gotas sejam de amor!
*
A mentira esfarrapada,
pode a mente construir,
mas a grande derrocada
é não se saber mentir.
*
Ao encontrar-te, querida,
embriaguei-me em tua luz.
Enfim, encontrei guarida,
neste amor que me seduz!
*
Ao professor eu sou grato
por tudo o que me ensinou,
fez de meu mundo mais lato
base para o que hoje eu sou.
*
Ao se sentir insegura,
atenção ao que lhe digo:
- A conduta é assinatura
de quem se diz ser amigo.
*
As palavras são tijolos,
que nós podemos construir…
Cautelosas, são consolos
na tristeza do devir.
*
Colorida alegoria
é a vida, até seu final,
se é vivida na alegria
de um sonho de carnaval!
*
Delícia é festa junina...
tem vinho quente e rojão.
Não vou sair da cantina.
Viva São Pedro e São João!
*
Diante de sua beleza
que palavras vou dizer?
Que façam jus à grandeza
da chama de seu viver.
*
Ela mandou-me um recado,
com seu amor, num cartão...
Meu olhar, amargurado,
viu apenas um borrão.
*
Em casa nós somos quatro,
eu, as gatas e a cadela;
todo dia é um teatro,
nossa vida... uma procela.
*
Eu sempre louvo a beleza
que a meus olhos descortina:
Vivas à mãe natureza,
pela vida que germina.
Fotografia de Isabel Furini |
Minha vida é qual a folha
que da árvore se desprende,
não me dá nenhuma escolha
pois do vento ela depende.
Tanta árvore derrubada
cruel imagem de nossas matas,
são qual túmulos na estrada
de atitudes insensatas.
*
Todos galhos derrubados
pelas matas, aos pouquinhos
vai deixando abandonados
os filhotes de seus ninhos.
*
Em nossa missão na Terra,
espalhamos nossa luz,
sobrepujamos a guerra
com o amor que nos conduz
*
Eu vejo sempre a esperança
e a beleza singular,
no riso de uma criança...
no brilho do seu olhar!
*
Evitando um mal fatal,
me esquivo de encruzilhadas.
Minha vida é vendaval
de decisões mal tomadas.
*
Feliz, soltei um rojão…
que subiu num rodopio.
Socorro! Oh, meu São João!
Fiquei preso no pavio.
*
Fiz da saudade o meu ninho,
para abrigar meu amor,
mas... se perdeu no caminho
e hoje só me resta a dor!
*
Foste embora da querência
onde sempre se abrigou...
Ainda hoje, sinto carência,
tua luz nunca apagou!
*
Implacável é a idade,
todos os dias morremos
um pouco, com a saudade
daqueles que não mais vemos.
*
Minha paixão é a poesia,
que percorre as minhas veias…
Todo dia, é um novo dia,
tecendo versos em teias.
*
Minha vida é uma tapera
abandonada, sem dó,
por alguém, que foi quimera
e do nosso amor fez pó.
*
Na caixa postal da vida,
um recado e um juramento:
Não importa a despedida,
se a saudade é seu alento.
*
Nossa amor virou fumaça,
no fogo de uma paixão,
por alguém que, por pirraça,
destruiu meu coração.
*
O amor, é palavra forte
entre o ódio e a paixão,
pode ser causa de morte,
quando há abnegação!
*
O que me deixa grilado,
é nunca saber jamais,
com dois amigos ao lado,
qual deles que mente mais.
*
Quando quem gostamos parte,
o pranto deixa um recado:
O presente é o baluarte
que faz lembrar o passado.
*
Quanto tento fazer versos
o tal "zaime" me domina,
escrevo versos inversos...
Falta alguma proteína?
*
Queria poder dizer
palavras… soltar um grito,
pois não consigo conter
este coração aflito.
*
Se Deus me desse um desejo
que eu pudesse realizar.
Felicidade que almejo:
como criança voltar.
*
Seja qual for o momento
que uma despedida alcança,
"adeus" deixa sofrimento,
mas "até logo"... esperança!
*
Se na conduta avaliar
o caráter de um amigo,
importante é separar
o que é joio do que é trigo.
*
Senhor! Que haja consciência...
que se rompam os grilhões,
haja trégua e complacência,
irmanadas as nações.
*
Tem gente que mente tanto
que não consegue parar...
E o que causa mais espanto:
na mentira está a morar!
*
Toda mentira que existe
não é só a que se cogita,
pois de tudo é a mais triste
quando nela se acredita.
*
Um conselho de meu pai,
guardo com profundo amor…
Dizia: - A todos amai…
mesmo que lhe causem dor!
*
Vivo numa corda bamba,
numa estranha alegoria…
Tristeza numa caçamba...
Numa pintura, a alegria!
*
Vou seguindo pela vida,
entregue aos ventos da sorte,
seja qualquer a minha lida
só me deterei na morte.
*
Agradeço a ti, Senhor,
a vida que me alumia,
fizeste-me trovador,
louvo-te em minha poesia.
Trovas de José Feldman
José Feldman nasceu em São Paulo/SP, em 1954, filho de Moisés e Mina Feldman. Morou em Taboão da Serra/SP, Curitiba/PR, Ubiratã/PR e finalmente radicou-se em Maringá/PR em 2011. Premiado em vários concursos de trovas (líricas/filosóficas e humorísticas), como Ribeirão Preto, Nova Friburgo, Curitiba, Santos, etc. e no concurso de poesias de Teófilo Ottoni/MG, 2018 e Cruz Alta/RS, 2019.Escritor, poeta, trovador, gestor cultural, orientador. Jurado em Concursos de Poesias e de Trovas. Organizador de concursos literários.
Criou o bloghttp://singrandohorizontes.blogspot.com.br em 2007. Idealizador e editor dos ebooks Chuva de Versos com mais de 400 números, Trova Brasil, Almanaque Paraná, O Encanto das Trovas, Florilégio de Trovas, O Voo da Gralha Azul, Folhetim Literário Desiderata. Pertence a várias entidades Literárias.
Obrigado pela publicação de minhas trovas. É bom ter às vezes os nossos textos divulgados, como divulgadores culturais esquecemos de nós mesmos rsrs
ResponderExcluirÉ verdade, querido poeta trovador Feldman. Parabéns pelas belas trovas.
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